Na manhã desta quarta-feira, dia 20, os delegados Guilherme Torres e Denis Pinho, respectivamente diretor e diretor-adjunto do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), falaram durante coletiva de imprensa realizada às 10h, no prédio da Delegacia Geral, sobre o cumprimento de mandado de prisão preventiva por estelionato em nome do peruano Luis Fernando Ruiz Lozano, 63, preso pela equipe do DRCO na manhã de terça-feira, dia 19, por volta das 10h, na casa onde ele morava, situada na Rua Paulo Alves, Conjunto Ouro Verde, bairro Coroado, zona Leste.
De acordo com o delegado Denis Pinho, a equipe de investigação do departamento chegou até o peruano após um homem de 64 anos procurar os gestores da instituição para formalizar denúncia de estelionato contra Luis. Na ocasião, relatou que teria pago uma determinada quantia em dinheiro para que o peruano, que assumia identidade de médico especialista em câncer, tratasse a mulher dele, diagnosticada com neoplasia. Em seguida o delegado-geral da Polícia Civil do Amazonas, Frederico Mendes, encaminhou o caso aos policiais civis do DRCO.
“Nos deslocamos até a casa onde Luis estava morando. No lugar o abordamos e, durante revista, encontramos uma maleta com instrumentos médicos que confirmam que ele exercia a profissão no Brasil de forma irregular. Itens como um estetoscópio e um jaleco com o nome do infrator, contendo o símbolo do caranguejo, identificando que o homem atuava na área de oncologia, representada pelo crustáceo da infraordem Brachyura. Diante disso conduzimos Luis até a delegacia para prestar esclarecimentos”, explicou Pinho.
Conforme Guilherme Torres, o companheiro da vítima veio à Manaus para acompanhar a esposa, que iniciou tratamento de câncer em um hospital na capital. No dia 25 de dezembro de 2016, o marido da vítima procurou Luis para iniciar um tratamento alternativo da doença. Na ocasião, segundo a vítima, o infrator afirmou que era especialista em câncer e que já havia trabalhado em alguns hospitais da cidade, mas que para iniciar o tratamento, a vítima teria que desembolsar R$ 1,3 mil para a compra de um medicamento. Nos dias posteriores, o peruano solicitou mais R$ 520,00 para custear gasolina, crédito de aparelho celular e outros benefícios para os trâmites do suposto benefício.
“Ele vendia a cura do câncer. Dizia para a vítima que iria curar a doença dela e que ele conseguiria um benefício mensal pelo Estado e, para isso, precisaria de um valor adiantado para colocar em prática todos os trâmites em torno do benefício. Luis atuava na capital e no interior do Estado. Ele relatou que fazia sessões de acupuntura. O homem tem certificados de formação na área de Medicina de origem peruana, mas não sabemos a validade desse documento. O que temos certeza é de que ele não é registrado no Conselho Regional de Medicina do Estado”, argumentou o diretor do DRCO.
Segundo Torres, durante consulta realizada no Sistema Integrado de Segurança Pública (Sisp) os policiais civis constataram a existência de sete Boletins de Ocorrência (BOs) em nome do peruano pela prática de estelionato. No site do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM) foi verificado que Luis havia sido preso em 2013 pelo mesmo crime e mesmo modo de operação que a vítima relatou durante Termo de Declaração.
“Diante disso representei à Justiça mandado de prisão preventiva por estelionato em nome dele. A ordem judicial foi expedida no dia 15 de setembro deste ano, pela juíza Anagali Marcon Bertazzo, da 6ª Vara Criminal da Comarca de Manaus. Na casa dele, onde costumava atender pacientes, verificamos que ele enganou outras pessoas com outros golpes, por isso estamos estudando a possibilidade de representar pelo incidente de insanidade mental de Luis, para que ele possa ser submetido à perícia, a fim de descobrirmos se ele é criminoso ou se possui insanidade mental”, concluiu Torres.
Durante a coletiva de imprensa o delegado Denis Pinho falou, ainda, que a equipe de investigação do DRCO tem um prazo de dez dias para concluir o Inquérito Policial (IP) em torno do caso. No departamento, Luis foi autuado por estelionato e exercício irregular da profissão. Ao término dos procedimentos cabíveis na base da unidade policial, o falso médico será levado ao Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM), onde irá permanecer à disposição da Justiça.