“Onde há fumaça há fogo”, diz a expressão popular frequentemente usada para falar de alguma coisa misteriosamente praticada em algum lugar, como nos escaninhos do poder.
Segunda-feira, 19, por exemplo, o Jornal Nacional, rede Globo de Televisão, apresentado por Willian Bonner e Renata Vasconcellos, destacou, sem afirmar, que a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria Geral da República PGR, “suspeitam” que o governador Wilson Lima seja o chefe do esquema que fraudou verbas da saúde do estado em 133% na compra dos 28 respiradores para o tratamento do covid-19.
De acordo com o JN, o governador coordenava uma espécie de triangulação comercial corrupta para comprar, superfaturar, e subtrair dos cofres públicos recursos da saúde na compra de respiradores.
A tramóia, segundo o JN, começa o pedido de compra feito pelo governo do estado à loja de vinho FJAP. O pedido, segundo o JN, era mandato para outra empresa – a Sonoar, distribuidora de equipamentos médicos, que materializava a compra sem licitação.
As afirmações contra a cúpula do governo do Amazonas levadas ao ar pelo JN, conforme narrou William Bonner, foram baseadas em gravações e mensagens dos investigados da Polícia Federal sobre fraudes na compra de respiradores.
Uma dessas mensagens mostradas pelo JN foi trocada pelo ex-secretário de Saúde, Rodrigo Tobias, com o ex-secretário adjunto da Saúde, Perseverando da Trindade Garcia.
– Eu tô recebendo muitas demandas e uma delas é do governador. Parece que ele tem um canal de um empresário, aqui, do Amazonas. O Cara é grande, o cara tem bala na agulha e se prontificou a fazer as compras pelo governo do estado. E a gente segue com o rito normal dos nossos processo e procedimentos pra comprar dele, tá? informa Rodrigo Tobias a Perseverando.
O nome do empresário, investigado pela Polícia Federal, não foi divulgado.
– Por que eu não corro com um processo fantasma, cara? E aí eu faço o empenho, entendeu? É muito melhor do que empenhar sem nada e mandar pagar. Não tem garantia, cara,nenhuma. Não tem amparo nenhum, comenta Perseverando.
Os respiradores foram comprados no mês de abril por quase R$ 3 milhões.
O vice-governador, Carlos Almeida, também, foi citado na reportagem como um dos suspeitos da Polícia Federal no esquema fraudulento.
Um delegado federal – na legenda do jornal não consta o nome dele -, diz que foi constatado a ingerência do vice-governador junto ao secretário de Saúde, além de reuniões com integrantes do governo, parlamentares e empresários em um escritório de advocacia no edifício Fórum Businesss Center.
A PF suspeita que os encontros eram feitos para pagamento de propina.
Em uma das imagens coletadas das câmeras de segurança e mostradas pelo JN, o vice-governador entra no Fórum Businesss Center sem nada e saia com uma sacola à tiracolo.
