Polícia chega à quadrilha que matou a desportista britânica; um foi morto em Coari

O delegado-geral da Polícia Civil do Amazonas, Frederico Mendes, e o delegado-geral adjunto da instituição, Ivo Martins, falaram na tarde de terça-feira, dia 19, sobre os trabalhos realizados em parceria com o Comando do 9° Distrito Naval (Com9ºDN) da Marinha do Brasil, Polícia Militar do Amazonas (PMAM) e Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM), com o intuito de identificar e localizar os responsáveis pelo latrocínio da esportista britânica Emma Kelty, que tinha 43 anos.

Um adolescente de 17 anos foi apreendido e dois elementos, identificados como Jardel Pinheiro Gomes, 19, o “Kael”, e Erinei Ferreira da Silva, 28, conhecido como “Alfinete”, foram presos por envolvimento no delito. Evanilson Gomes da Costa, chamado de “Baia”, também envolvido no latrocínio da britânica, foi vítima de homicídio corrido na madrugada desta quarta-feira, dia 20, em Coari, município distante 363 quilômetros em linha reta da capital. Evanilson tinha 24 anos.

De acordo com Frederico Mendes, o adolescente foi apreendido na última segunda-feira, dia 18, em Codajás, município distante 240 quilômetros em linha reta de Manaus. Na tarde de ontem, Jardel foi preso na Comunidade Lauro Sodré, em Coari. Na ocasião, “Kael” afirmou ter 17 anos. Durante os trâmites legais, os policiais civis constataram que o infrator havia mentido a idade dele. Ainda na tarde de ontem, Erinei foi preso em Coari, por ter participação no latrocínio de Emma Kelty.

Conforme Ivo Martins, “Baia” foi vítima de homicídio ocorrido na madrugada de hoje, por volta de meia-noite, no município de Coari. Segundo o delegado José Afonso Barradas, titular da Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Coari, “Baia” estava na casa onde morava, situada no beco Maria Almeida, bairro do Pera, no momento em que um homem, que já foi identificado pela polícia, entrou na residência e efetuou vários disparos de arma de fogo que atingiram  diferentes partes do corpo de Evanilson, que chegou a ser socorrido, mas foi a óbito por volta das 8h30, no Hospital Regional de Coari – Doutor Odair Carlos Geraldo.

O delegado José Afonso Barradas informou que Evanilson afirmou, na unidade hospitalar, que após o latrocínio da britânica, ele e os comparsas foram vender os pertences subtraídos da vítima e gastaram o dinheiro dela. “Ele disse que nas comunidades em que ele e os comparsas passaram para vender os objetos da vítima, ele teria ficado se vangloriando, anunciando que estava com muito dinheiro e também com uma quantidade de ouro. “Baia” enfatizou, também, que por esse motivo um homem, já identificado, armou uma emboscada para ele, com o intuito de obter o dinheiro e o ouro que o jovem disse que tinha”, declarou o titular da DIP de Coari.

O delegado-geral adjunto explicou que sete indivíduos participaram do crime. Três deles continuam foragidos: Arthur Gomes da Silva, conhecido como “Bera”, e os dois irmãos de “Alfinete”, Erimar Ferreira da Silva, chamado de “Chico”, e Nilson Ferreira da Silva, o “Zé Preto”. Os três elementos já tiveram as prisões preventivas decretadas e estão sendo procurados pela polícia.

“Não se trata de narcotraficantes. Eles são usuários de drogas que cometem delitos em momentos oportunos. São chamados de “Barriga d’Água”, grupo que atua nos munícipios de Coari e Codajás, roubando mercadorias, cometendo homicídios e ligado ao tráfico de drogas. Quando eles passavam pela Ilha do Boieiro, onde a barraca da vítima estava armada, cometeram o crime. Na ocasião, “Baia” saiu da canoa e efetuou dois disparos em direção à barraca, utilizando uma espingarda calibre 20, de cano serrado. Em ato contínuo, eles furaram o caiaque da vítima e roubaram os objetos dela”, explicou Ivo Martins.

Segundo o delegado-geral adjunto, o adolescente apreendido relatou, em Termo de Declaração, que depois do crime os infratores jogaram o corpo da mulher no Rio Solimões. Os sete infratores tentaram vender os objetos roubados da vítima, dentre eles dois aparelhos celulares, um tablet e um Drone, em comunidades dos municípios de Codajás e Coari. Os moradores da Comunidade Lauro Sodré, que viram a britânica Emma Kelty ainda com vida, passar em um caiaque em frente ao lugar, foram ouvidos pelos policiais civis como testemunhas.

“Após ser alvejada, a vítima foi arrastada para a canoa utilizada pelo grupo e levada por cerca de cem metros da praia, para o meio do rio, onde foi jogada pelos infratores. A canoa e o caiaque foram encontrados e estão sendo trazidos para Manaus, para serem submetidos à perícia técnica. Acreditamos que alguns materiais biológicos da vítima serão encontrados nos dois objetos. A investigação em torno do caso está apenas começando. Estamos trabalhando para prender os outros três infratores e recuperar os materiais subtraídos da britânica”, declarou Martins.

Durante a coletiva de imprensa o delegado-geral da instituição agradeceu a participação das equipes da Marinha do Brasil e do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, que continuam as buscas para tentar localizar o corpo da esportista, refazendo o trajeto percorrido por Emma Kelty nas proximidades do local onde o adolescente apontou que o grupo teria abandonado o corpo dela.

“Não medimos esforços para elucidar o caso. Iremos continuar as buscas pelo corpo da esportista britânica. Em nome da Polícia Civil, gostaria de saudar a Marinha do Brasil e os mergulhadores do Corpo de Bombeiros do Estado, que não estão medindo esforços para encontrar o corpo da britânica Emma Kelty. O trabalho da Polícia Civil não vai cessar agora. Iremos fazer inúmeras diligências com o intuito de localizar e prender os demais infratores envolvidos nesse crime”, argumentou Frederico Mendes.

Entenda o caso

Na última quarta-feira, dia 13, por volta das 22h, uma empresa ligou para o Comando do 9° Distrito Naval (Com9ºDN) informando que o localizador de emergência da britânica Emma Kelty, que estaria realizando canoagem esportiva no Rio Solimões, havia sido acionado. Na manhã de quinta-feira, dia 14, a Marinha do Brasil iniciou as buscas para tentar localizar a britânica. Já na tarde de sexta-feira, dia 15, alguns objetos de Emma Kelty, como roupas, sapatos e o caiaque foram encontrados na Comunidade Lauro Sodré.

No último domingo, dia 17, a Marinha do Brasil encaminhou os objetos ao 6º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde foi realizado o Auto de Exibição dos materiais. Na DIP de Coari foi instaurado um Inquérito Policial (IP), de nº 44/2017, para investigar o caso.

A Polícia Civil do Amazonas, assim que foi acionada pela Marinha do Brasil, enviou uma equipe, composta por sete investigadores lotados no Departamento de Polícia do Interior (DPI), quatro investigadores que atuam na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) e dois escrivães da instituição, ao município de Codajás para auxiliar nas diligências em torno do caso.

O delegado-geral adjunto, Ivo Martins; o diretor do DPI, delegado Mariolino Brito; o delegado Raphael Campos, adjunto da DEHS; e o delegado Paulo Gadelha, titular da 79ª DIP de Anori, município distante 195 quilômetros em linha reta de Manaus, também estiveram nos municípios de Codajás e Coari para ajudar nas investigações.

 

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