A decisão do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro de realizar coletiva separadamente despertou a esperança de que haveria novidades sobre o inquérito.
E levaria à resposta que mais importa agora:
Quem mandou matar Marielle Franco?
Nesse ponto, Polícia Civil e Ministério Público divulgaram a mesma versão:
Ronnie Lessa teria agido por motivo torpe.
O que é motivo torpe?
O juiz aposentado Luiz Flávio Gomes, atualmente deputado federal e fundador de um dos cursos preparatórios mais procurados para concursos públicos na área jurídica, explicou:
“Motivo torpe é motivo moralmente reprovável, demonstrativo de depravação espiritual do sujeito. Torpe é o motivo abjeto, desprezível”.
No caso de Marielle, torpe seria o motivo de não não aceitar sua posição política.
Se Ronnie Lessa foi denunciado por homicídio com motivação torpe, é porque, até agora, ele não é considerado pistoleiro, executor.
Faz sentido?
Não.
Roonie já tem suspeita de homicídio nas costas.
Em 2011, ele foi citado em uma investigação da Polícia Federal, segundo revelou o jornalista Elimar Côrtes, de Vitória, Espírito Santo.
Ele teria sido preso na Operação Guilhotina como suspeito de matar dois colegas policiais militares que haviam tentado extorquir dinheiro de um traficante no Espírito Santo.
Como não conseguiram dinheiro, esses policiais pegaram os 100 quilos de cocaína que o traficante havia comprado no Rio de Janeiro.
Na chegada ao Rio, teriam sido assassinados por Ronnie e um comparsa, também policial militar.
Esses dois policiais mortos estavam envolvidos no atentado a bomba contra o bicheiro Rogério de Andrade.
O mesmo grupo teria explodido o carro de Ronnie Lessa, num atentado em que o então policial perdeu uma perna.
Por que um suposto matador de aluguel iria matar por motivação pessoal, por ódio, como a Polícia e o Ministério Público indicam que ocorreu no caso Marielle?
Não faz sentido.
Hoje, durante a coletiva do governo do Estado, o delegado Geniton Lages, respondeu que a filha de Ronnie teria namorado o filho de Jair Bolsonaro.
Ambos moram no mesmo condomínio.
O delegado respondeu que isso não teria relevância e, se fosse o caso, seria investigado em momento oportuno.
Mais tarde, na entrevista do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, um repórter perguntou sobre o “boato” do namoro.
A promotor Simone Sibílio respondeu, seca:
“Isso não é relevante, isso não chegou ao conhecimento, isso não tem nenhuma relação com a investigação”.
Se não chegou ao conhecimento, é uma possibilidade.
Mas negar a relevância dessa informação é estranho.
E descartar que tenha relação com a investigação parece prematuro.
No mínimo, se existe esse relacionamento, é uma evidência de conexões de alto nível que o assassino de Marielle mantém.