A projeção de instituições financeiras para a inflação este ano continua a subir. No sexto ajuste seguido, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 7,26% para 7,56%. Para 2017, a estimativa sobe por quatro semanas consecutivas. Desta vez, passou de 5,80% para 6%, de acordo com o boletim Focus, publicação divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), com base em projeções de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
As estimativas de inflação estão distantes do centro da meta, de 4,5%, e neste ano supera o teto, de 6,5%. O limite superior da meta em 2017 é 6%.
Depois da última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), de o BC de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, os analistas não esperam mais por aumento dos juros básicos em 2016. A mediana das expectativas (que desconsidera os extremos nas projeções) para o final de 2016 segue em 14,25% ao ano. Em 2017, a expectativa é de que a Selic seja reduzida e encerre o período em 12,50% ao ano. A projeção anterior era 12,75% ao ano.
A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.
A pesquisa do BC também traz a projeção para a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que subiu de 7% para 7,72% este ano. A estimativa para 2017 segue em 5,50%. Para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a estimativa passou de 7,18% para 7,29% este ano, e de 5,49% para 5,50% em 2017.
A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), foi alterada de 6,27% para 7,% em 2016. Para o próximo ano, a projeção subiu de 5,18% para 5,30%.
A projeção para os preços administrados permanece em 7,70% este ano e em 5,50% em 2017.
Atividade econômica
Além de inflação alta, as instituições financeiras projetam retração da economia em 2016. A estimativa para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, piorou pela terceira vez seguida, ao passar de 3,01% para 3,21%. Para 2017, as instituições financeiras esperam por uma recuperação da economia, mas a projeção de crescimento está cada vez menor. No terceiro ajuste seguido, a estimativa de expansão foi alterada de 0,70% para 0,60%.
A projeção para a retração da produção industrial este ano passou de 3,80% para 4%. Em 2017, o setor deve se recuperar, com projeção de crescimento de 1,5%, a mesma há duas semanas.
Contas externas
A estimativa para o déficit em transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços do país com o mundo, passou de US$ 33,55 bilhões para US$ 33 bilhões este ano, e de US$ 27,25 bilhões para US$ 28 bilhões em 2017. A projeção para o superávit comercial (exportações maiores que importações) foi alterada de US$ 37,90 bilhões para US$ 36,35 bilhões este ano, e de US$ 40 bilhões para US$ 39,3 bilhões em 2017.
A projeção para a cotação do dólar permanece em R$ 4,35, ao fim de 2016, e em R$ 4,40 ao fim de 2017.
Na avaliação das instituições financeiras, o investimento direto no país (recursos estrangeiros que vão para o setor produtivo) deve chegar a US$ 55 bilhões este ano e a US$ 60 bilhões em 2017.
A projeção para a dívida líquida do setor público passou de 40% para 40,2% do PIB este ano. Para 2017, a expectativa é que essa relação fique em 43% do PIB.