Uma alimentação balanceada e rica em fibras pode ajudar a prevenir o câncer colorretal, um ponto positivo para os amazonenses, que têm em seu cardápio regional, um leque de opções que auxiliam no funcionamento do intestino, a exemplo do tucumã e da pupunha, explicou Marco Antônio Ricci, diretor-presidente da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon).
Na semana em que se comemorou o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Intestino (27 de março), a FCecon chama a atenção para a necessidade de conscientização acerca da doença que, no Amazonas, é a quinta mais frequente entre os homens e a quarta, entre as mulheres, com estimativa de 230 novos casos ao ano, segundo projeção mais recente do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão subordinado ao Ministério da Saúde.
Ricci explica que, quando mais cedo diagnosticada a doença, maiores são as chances de cura. Mas, o melhor mesmo é buscar a prevenção. “Já é de conhecimento público que as fibras e os cereais ajudam na digestão e no bom funcionamento do intestino, atuando, por exemplo, na diminuição da prisão de ventre, considerada um dos fatores de risco para o câncer colorretal”, destacou. De acordo com ele, a pupunha e o tucumã, por exemplo, são fortes aliados nesse sentido, pois são ótimas fontes de fibras, além de reunirem em suas composições, outras vitaminas, proteínas e até alguns minerais.
Alerta – No intuito de reduzir a incidência da doença, a FCecon alerta a população para que fique atenta sobre os sintomas associados a esse tipo de câncer. “O melhor caminho é a prevenção. No caso de doença diagnosticada, quanto mais cedo, maiores as chances de cura, como na maioria dos cânceres. Para isso, indicamos a realização dos exames de rastreio, a exemplo da colonoscopia, que deve ser feita a partir dos 50 anos, e repetida, de preferência, a cada dois ou três anos”, explicou o diretor-presidente da Fundação, cirurgião oncológico Marco Antônio Ricci.
Incidência – De acordo com o INCA, a incidência da doença no Amazonas é maior entre as mulheres, como previsão de 130 diagnósticos/ ano, contra 100 novos casos entre os homens. A gerente do Serviço de Oncologia Clínica da FCecon, oncologista Brena Uratani, ressalta que esse tipo de câncer pode se originar no intestino grosso ou no reto, com a evolução de pólipos para lesões malignas. “Porém, a remoção desses pólipos, ainda na fase benigna, pode evitar o aparecimento do câncer nessa região”.
De acordo com ela, são considerados fatores de risco para a doença o sedentarismo, a obesidade, doença inflamatória no intestino, ter histórico de câncer colorretal na família (fator hereditário), ter mais de 50 anos, alcoolismo, tabagismo e o consumo em excesso de carnes vermelhas e poucas frutas e vegetais.
Alguns dos sintomas associados à doença, são: diarreia ou prisão de ventre constantes, dificuldade ou dor na hora de evacuar, excesso de gases, presença de sangue nas fezes, perda de peso sem motivo aparente, anemia e aumento do volume do abdome, além da mudança na colocação das fezes. Esses sintomas associados, pedem uma investigação mais detalhada de um especialista na área, o gastroenterologista. “A orientação é que, durante o ‘check up’ anual, as pessoas passem por uma consulta com esse tipo de médico, que está apto a avaliar toda a extensão do aparelho digestivo”, destacou a médica.
Mas, além do auxílio médico, há medidas simples que podem ser adotadas no quotidiano, para ajudar a prevenir o câncer colorretal. Entre elas, está a adoção de uma dieta saudável, rica em fibras, frutas, cereais e vegetais em geral; a prática regular de exercícios físicos; evitar o consumo de carne vermelha e alimentos com alto teor de gordura vegetal; evitar o cigarro e bebidas alcoólicas em excesso
Diagnóstico e Tratamento – O diagnóstico dos cânceres de reto e intestino é feito através de colonoscopia, exames laboratoriais e complementares de imagem. Em caso de suspeita de câncer nessa região do aparelho digestivo, explica o diretor-presidente FCecon, cirurgião oncológico Marco Antônio Ricci, o paciente é submetido a uma biópsia (análise de um pequeno fragmento retirado da lesão detectada), para chegar ao diagnóstico definitivo.
O tratamento dependerá o estadiamento da doença, ou seja, da extensão da lesão e se ela está localizada em apenas um órgão. Na fase inicial, em geral, são utilizados procedimentos cirúrgicos para a retirada dos tumores. No estágio mais avançado, a indicação é de um tratamento multidisciplinar, que inclui outras duas modalidades: a quimioterapia adjuvante (pós-operatória) e até radioterapia em alguns casos. Ricci destaca que, hoje, a FCecon é a unidade de referência em cancerologia na Amazônia Ocidental e oferta todos esses tratamentos gratuitamente.