EXTRA – Investigado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) há três meses, que apontou “movimentações atípicas” em suas contas, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Fabrício Queiroz admitiu em depoimento por escrito ao Ministério Público que fazia o “gerenciamento” de valores recebidos por servidores do gabinete do então deputado, assim como coordenava “os trabalhos e demandas” para expandir as redes de contato e de colaboradores do parlamentar.
Queiroz afirmou ainda que, por ter a confiança e autonomia dadas por Flávio Bolsonaro, nomeva assistentes no gabinete por julgar certo que era a melhor maneira de “intensificar a atuação política seria a multiplicação dos assessores da base eleitoral”, gerenciando os valores que cada um destes recebia mensalmente, sem precisar dar satisfações a Flávio sobre a “arquitetura interna do mecanismo que criou”. E que seus superiores não tinham qualquer conhecimento de sua atuação.
Esta é a primeira vez que Queiroz se manifesta à Justiça sobre o assunto após sucessivos pedidos feitos pelo MP-RJ, sempre com a jutificativa de que passa por tratamento de saúde para combater um câncer. O depoimento de Queiroz foi revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e SBT. A assessoria de Flávio Bolsonaro afirmou que não irá se manifestar sobre o depoimento de seu ex-assessor.
Sobre a movimentação de R$ 1,2 milhão apontados pelo Coaf como “atípicas”, Queiróz afirmou que recebeu metade deste valor a partir de depósitos realizados por seus familiares e que há duas origens econômicas, “inteiramente lícitas”, desses créditos.
A primeira está na ideia “de ser pai de família grande” e por ser conservador “insiste em administrar o essencial das finanças do seu núcleo familiar” e assim recebia também em sua conta os rendimentos do trabalho de sua mulher e de seus filhos.
Já a segunda, afirma Queiroz, está em atividades informais com desempenhos profissionais como segurança particular, compra e venda de veículos e eletroeletrônicos, vestuário, intermediação de imóveis, e “todo e qualquer outro produto que pudesse lhe garantir uma renda extra”.
Sobre a suspeita do MP-RJ de que o ex-assessor recolhia o dinheiro para si próprio ou para entregar ao então deputado, hoje senador, Queiróz diz que jamais se beneficiou “de qualquer recurso público “para si ou para terceiro.
Desde que o relatório do Coaf veio a público, revelandomovimentações financeiras suspeitas entre o ex-assessor e a família do presidente eleito Jair Bolsonaro , uma série de dúvidas surgiram, levando o futuro presidente, seus filhos, alguns de seus ministros e até sua mulher, a primeira-dama Michelle, a apresentar explicações para o trânsito de dinheiro entre Queiroz e o clã presidencial.