Há dez meses no cargo de técnico do Flamengo, Vanderlei Luxemburgo nunca esteve tão perto da demissão. Os maus resultados e as fracas atuações da equipe, não só no Campeonato Brasileiro, mas no ano inteiro; fazem o treinador perder força. Reunião entre integrantes da diretoria definirá se ele seguirá à frente do elenco. As chances de demissão cresceram, obviamente, nas últimas semanas.
Além do fraco futebol da equipe, para setores do clube Vanderlei voltou a falar demais. O treinador gosta de se envolver em temas diversos e utiliza suas entrevistas para abordar assuntos além das quatro linhas, o que gera insatisfação. Por isso, quando contratado, foi dito a ele que seria apenas técnico de futebol, sem maiores poderes. Essa idéia foi reforçada quando formalizaram a permanência do treinador, na virada do ano. O clube contratou o treinador, não o “manager” que ele gostaria de ser.
Não ha apego por sua permanência, tanto que quando o São Paulo o procurou, foi informado que a chance de qualquer aumento para segurá-lo era zero. E se quisesse ir embora, bastaria pagar a multa. Após o empate com o Sport a avaliação interna sobre o trabalho de Luxemburgo piorou, com o time marcando mal e se mostrando incapaz de explorar seu maior potencial, o contra-ataque. Quem esperava novidade tática se decepcionou e irritação cresceu.
A paciência da diretoria com Luxemburgo depende da ala. Pela mais radical ele sequer teria começado o ano, é visto por esses como “técnico de curta duração, pouco confiável para um projeto mais longo”. Se, por exemplo, o ex-vice-presidente de marketing Luiz Eduardo Baptista, o BAP, ainda estivesse no grupo, as chances de já ter deixado o clube seria maiores. Ele seria um dos que mais pressionaria pela demissão.
Também há a ala mais moderada, da qual fazem parte o presidente Eduardo Bandeira de Mello e o vice de futebol, Alexandre Wrobel. Tal grupo considerava Vanderlei a melhor opção no momento da renovação de contrato. Mas essas pessoas também estão perdendo a paciência com o técnico.
Caso caia, Jayme de Almeida assumiria, mas apenas como interino. Hoje não há chance de que o efetivem como treinador. O acordo é para atuar como auxiliar, mas sua presença significa a existência de alguém para dirigir o time por algumas partidas se for necessário. Os cartolas acham que sua efetivação após ganhar a Copa do Brasil 2013 foi um erro, que levou a outro, a contratação de Ney Franco.
Já após o empate com o Sport, uma das avaliações internas era de que contratar dois ou três jogadores não resolveria o problema atual se o time, na “zona da confusão”. jogar mais vezes da mesma maneira. Tal ideia se reforçou após a derrota para o Avaí. A proximidade do jogo com o Náutico, quarta-feira, e o clássico com o Fluminense, domingo, podem proporcionar a Luxemburgo mais tempo para uma tentativa de recuperação. O grande risco, para ele, é sequer chegar até lá no cargo.