Em sabatina promovida por veículos de comunicação sob o guarda-chuva das Organizações Globo, nesta terça (23), o presidenciável do PT Fernando Haddad disse que Jair Bolsonaro é fascista sim e que, além disso, é comandado por militares que sairam dos “porões da Ditadura” Militar. Haddad lembrou ainda que Bolsonaro tem um “vice [General Hamilton Mourão] torturador e um ídolo [Coronel Carlos Brilhante Ustra] torturador”. A fala foi uma alusão à revelação feita pelo cantor Geraldo Azevedo, que foi preso pelo regime militar e afirmou que Mourão estava entre os torturadores.
“Eu tenho direito, como cientista político, de dizer para a Nação brasileira que Bolsonaro é fascista. Ele tem como vice um torturador. E tem como ídolo um torturador”, disparou. “Se vocês têm um nome mais doce para tratar Bolsonaro, usem. Eu uso o que aprendi” na academia, acrescentou o professor.
O ex-prefeito lançou dúvidas sobre quem está sustentando a campanha de Bolsonaro nos bastidores. “Quem vai, de fato, mandar [no País]? A sensação que tenho é que a elite apoia Bolsonaro e vai cercá-lo de pessoas. Vai ser o tempo inteiro ele falando besteira e alguém apagando o incêndio. Mas o problema não é ele, é quem vem com ele, quem saiu dos porões da ditadura” sem nenhum compromisso com a democracia. Para Haddad, os assessores militares de Bolsonaro não são “confiáveis” e eleger o candidato do PSL é um “risco”.
Haddad afirmou que, se eventualmente for derrotado no domingo (28), ficará no Brasil para participar da resistência e da oposição a Bolsonaro. “Eu não vou faltar, (…) nunca me intimidei diante da grandeza de problemas”, disse, lembrando que a decisão é tomada a despeito das ameaças que o capitão da reserva fez recentemente, afirmando que vai levar à prisão ou ao exílio seus opositores no campo político.
“Esse cara acha que põe medo em alguém. Nós temos medo de quem vem atrás dele. De quem vem dos porões da Ditadura. Ele próprio é um nada. É um soldadinho.”
Haddad ainda disse que uma série de fatores ajudam a explicar a ascensão de Bolsonaro. E um deles é a cobertura que a grande mídia fez nos últimos anos. “Vocês contribuiram. As Organizações Globo ajudaram a construir um bicho desse. É o pior dos porões da ditadura. Ele está vindo do porão para tentar assumir [a presidência]. (…) O mundo inteiro está estupefato com Bolsonaro.”
Na avaliação de Haddad, Bolsonaro ganhou não apenas o voto anti-petista, mas o anti-política ou anti-sistema, sentimentos que atingiram não apenas o PT, mas o PSDB e o PMDB também. “Os três grandes partidos responsáveis por todo o período da redemocratização foram atingidos [pela criminalização da política]. Os três foram atingido, mas quem saiu vivo foi o PT, que colocou o candidato no segundo turno.”
ESCÂNDALO DA WHATSAPP
Haddad admitiu, na entrevista, que sua campanha errou em não imaginar que as redes sociais iriam ser utilizadas de maneira subterrânea e ilegal na disputa presidencial.
“Admito que cometemos um erro estratégico. Não imaginei isso, nem minha equipe. A gente achou que as redes sociais teriam o papel que foi regulado pelo Tirbunal Superior Eleitoral. Mas o que aconteceu não tem nada a ver, eles estão criando um novo mundo de caixa 2 nas redes sociais. Só a minha vice, num canal, foi objeto de 13 milhões de mensagens falsas.”
O candidato lembrou também que o PSDB “foi procurado para fazer isso [comprar pacotes de disparo em massa de mensagens no WhatsApp, com lista de contatos oferecidas por agências, o que é ilegal), recusou e levou a denúncia ao TSE. E não foi feito nada.”
Ele ainda criticou que o escândalo do caixa 2 de Bolsonaro no WhatsApp – denúncia da Folha, sobre empresas privadas que estão impulsionando a candidatura do ex-capitão nas redes, de maneira irregular – está sendo tratado como episódio menor, porque o deputado representa o “o establishment”. Jornal GGN
Assista abaixo.