Saída de cubanos do Mais Médico deixa 24 milhões de brasileiros sem atendimento

A saída dos profissionais cubanos do programa Mais Médicos em reação às declarações feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que estabeleceu uma série de condições para a atuação dos médicos cubanos no país, deverá deixar cerca de 24 milhões de brasileiros sem nenhum tipo de assistência à saúde. A situação deverá criar uma pressão sobre o Ministério da Saúde tanto por parte dos que ficarão desassistidos como por parte das prefeituras de todo o país.

“A decisão, que preocupa representantes das prefeituras de todo o país, deixará um buraco de 8.332 vagas em aberto, que se somam a outras 1.600 que já estavam ociosas, segundo o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). As regiões que deverão ser mais afetadas são justamente as mais vulneráveis: Norte, Nordeste e periferias das grandes cidades. Ainda não se sabe exatamente quando os médicos cubanos deixarão o país, mas os profissionais só deverão ficar, no máximo, até o fim do Governo de Michel Temer, em dezembro”, destaca matéria do jornal El País.

Pouco após o anúncio feito pelo governo cubano de que Havana irá retirar seus médicos do programa, ainda na quarta-feira, o Ministério da Saúde se apressou em afirmar que “nos próximos dias lançará um edital para a contratação de médicos brasileiros que queiram ocupar as vagas de cubanos”, com prioridade para “brasileiros formados no Brasil, seguida de brasileiros formados no exterior, médicos intercambistas e estrangeiros. Um outro edital, este para a contratação de profissionais para 1,6 mil unidades de saúde, já havia sido prometido pelo Governo Federal diante da pressão exercida pela “Isso significa que, para garantir a cobertura integral no Programa Saúde da Família, o Governo brasileiro terá que contratar quase 10 mil médicos em poucos meses”, destaca a reportagem.

Bolsonaro, que havia colocado em dúvida a qualificação dos médicos cubanos, reagiu afirmando que a “decisão unilateral” tomada por Havana foi uma “irresponsabilidade”. Segundo ele, as vagas passarão a ser abertas a profissionais brasileiros e que “o programa não está suspenso. (Médicos) de outros países podem vir para cá. A partir de janeiro, pretendemos dar uma satisfação a essas populações que ficarão desassistidas.

O El País destaca, ainda, que o “o Programa Mais Médicos, implementado durante o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2013, foi um dos alvos de polarização política durante as últimas eleições. Foi implementado há cinco anos para que os profissionais cubanos ocupassem as vagas não cobertas pelos médicos brasileiros, geralmente em zonas mais isoladas e pobres. “Nesses cinco anos de trabalho, cerca de 20 mil colaboradores cubanos atenderam a 113.359.000 pacientes em mais de 3.600 municípios”.

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