Até este domingo, apenas três vezes na história o perdedor da primeira final do Campeonato Paulista havia conseguido ser campeão no jogo de volta. Agora são quatro: assim como em 2007, o Santos desfez a vantagem adversária e foi campeão. Para ficar com o título na Vila Belmiro, devolveu a diferença no placar do jogo de ida vencendo o Palmeiras por 2 a 1 no tempo normal e derrotando-o também na disputa por pênaltis (4 a 2).
Finalista da competição pelo sétimo ano consecutivo, a equipe litorânea volta a festejar depois de ter sido vice-campeã em 2013 e 2014. Com a vitória deste domingo, são quatro conquistas nesse período. Além disso, dá o troco no Palmeiras pela derrota em 1959, única ocasião em que os dois times disputaram o troféu em confrontos diretos. O rival, por sua vez, não chegava a uma decisão estadual desde 2008, quando foi campeão diante da Ponte Preta.
Depois de um primeiro tempo praticamente todo do Santos – com gols de David Braz e Ricardo Oliveira em dois lances de desatenção defensiva -, a segunda etapa foi bem diferente. A começar pelas expulsões de Geuvânio e Dudu minutos antes do intervalo. Com dez jogadores de cada lado e a entrada de Cleiton Xavier, o Palmeiras diminuiu a diferença com Lucas, depois de ótimo lançamento de Valdivia, até então pouco produtivo. E até tinha o controle do jogo, porém precisou se desdobrar para segurar o resultado ao ter Victor Ramos expulso.
Nos pênaltis, quem levou a melhor foi o Santos. Rafael Marques teve sua cobrança defendida por Vladimir, ao passo que Jackson chutou a bola no travessão. Com quatro tentativas convertidas diante de Fernando Prass, os santistas finalmente soltaram o grito de campeão na Vila Belmiro.
O jogo – Derrotado por 1 a 0 no Palestra Itália, o Santos precisava da vitória e teve o reforço deRobinho, recuperado de edema na coxa esquerda. O Palmeiras, sem o volante Arouca (que não se recuperou a tempo de estiramento na coxa esquerda), recuou Robinho e voltou a contar com Valdivia, que não atuou no primeiro jogo por conta de dores no joelho esquerdo. Dois times, portanto, dispostos a atacar, ainda que a equipe alviverde pudesse jogar pela vantagem do empate para ser campeã.
Logo no primeiro minuto, Valdivia levou um chapéu de Renato no meio-campo e deu mostras de que não teria uma boa primeira metade de jogo. Sete minutos depois, o meia chileno recebeu cartão amarelo, a exemplo do que ocorreu com Dudu instantes antes. O terceiro palmeirense pendurado foi o volante Gabriel, aos 24 minutos. Até lá, foi o Santos o dono das principais ações de jogo, com muita velocidade principalmente em contra-ataques. Em um deles, Ricardo Oliveira finalizou pouco atrás da entrada da área, à direita do gol de Fernando Prass.
O Robinho santista – muito mais participativo do que o palmeirense – também quase marcou, mas foi desarmado pelo zagueiro Victor Ramos no momento exato do chute, quase na pequena área. Na sequência da jogada, o Palmeiras tentou a resposta rápida, mas o contragolpe foi paralisado por Victor Ferraz, único jogador do time da casa a ser advertido antes do intervalo pela arbitragem.
Móvel no ataque santista, Robinho teve outra oportunidade interessante de finalização. Depois de deixar Gabriel para trás na ponta esquerda, ele invadiu a área e chutou no ângulo oposto. Fernando Prass fez a defesa em dois tempos. No minuto seguinte, quem levou perigo ao goleiro alviverde foi Geuvânio, em arremate cruzado e rasteiro, que passou rente à trave direita. O camisa 11 era uma dos principais escapes ofensivos do Santos, para azar do veterano Zé Roberto.
Aos 29 minutos, o Santos aproveitou a única arma com que o Palmeiras assustava até então. Em rebote da defesa após cobrança de falta, Valencia despachou a bola para frente e achou Robinho em posição legal, livre de marcação, dentro da área. O atacante tocou de primeira para o lado direito. De frente para o gol, com Fernando Prass já batido, o zagueiro David Braz apenas completou para a rede e abriu o placar.
O Palmeiras sentiu o golpe. Se já não conseguia furar a marcação ao se aproximar da área adversária, ficaria ainda mais difícil. Os únicos momentos de apreensão da torcida santista continuaram a ser em jogadas de bola parada. Sem efetividade nos escanteios, o time treinado por Oswaldo de Oliveira quase chegou ao empate em falta cobrada por Robinho. O meio-campista colocou a bola perto do ângulo direito de Vladimir.
Quatro minutos mais tarde, o Santos não desperdiçou a desorganização palmeirense. Ricardo Oliveira foi acionado por Robinho, ganhou de Vitor Hugo em dividida pelo chão, entrou sozinho na área e carregou a bola com tranquilidade suficiente para encontrar o melhor ângulo para vazar Fernando Prass. Um golpe ainda mais duro para os jogadores do Palmeiras, que viram Dudu ser expulso no último minuto regulamentar ao se enrolar com Geuvânio dentro da área rival. O santista imediatamente também levou cartão vermelho direito. Revoltado, o palmeirense ainda deu um empurrão no árbitro.
No segundo tempo, com dez jogadores de cada lado, vantagem revertida e a entrada de Cleiton Xavier no Palmeiras (no lugar de Robinho), a partida mudou. Todo ataque, o time visitante por pouco não diminuiu a diferença aos dez minutos. Após cobrança de escanteio pelo lado direito, Rafael Marques cabeceou no chão, e Vladimir segurou a bola em cima da linha. Três minutos depois, o goleiro santista fez bela defesa em chute colocado de Zé Roberto de fora da área que buscava seu ângulo direito.
O Santos ameaçou sair um pouco mais para tentar retomar o controle do jogo. Mas o Palmeiras traduziu sua melhora em gol aos 19 minutos. Valdivia, até então pouco produtivo, fez ótimo lançamento para Lucas. Por trás da defesa, dentro da área, o lateral direito ajeitou a bola e desviou sem muita força, a suficiente para que ela passasse por cima da perna de Vladimir e entrasse. A euforia se tornaria desespero, no entanto, a partir dos 31 minutos, quando Victor Ramos foi expulso com o segundo amarelo por levantar o pé no corpo de Valencia.
Com nove homens em campo, o Palmeiras se desdobrou e foi valente. Chegou até a balançar a rede – com Vitor Hugo, em rebote de Vladimir após falta cobrada por Cleiton Xavier -, mas o gol foi corretamente anulado por impedimento. No minuto seguinte, Ricardo Oliveira saiu cara a cara com Fernando Prass e viu o goleiro se agigantar para fazer a defesa à queima-roupa. Nos pênaltis, porém, não brilhou como na semifinal diante do Corinthians. Vladimir, sim, fez uma defesa (na cobrança de Rafael Marques) e ainda contou com ajuda do travessão, na tentativa de Jackson, para dar o título ao Santos.