Sem sanções, Venezuela já teria comprado as vacinas das quais necessita, afirma ministro

Venezuelan Minister of Foreign Affairs Jorge Arreaza speaks during an interview with AFP in Caracas, on April 7, 2021. - Arreaza said Wednesday that without the economic measures imposed to Venezuela, the country would have already bought the vaccines against COVID-19 it needs. (Photo by Pedro Rances Mattey / AFP)

O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, informou nesta quarta-feira (7) que sem as sanções econômicas a que o país está sujeito, a Venezuela já teria comprado as vacinas anticovid de que necessita.

“Se a Venezuela não tivesse seus recursos bloqueados [no exterior], teríamos comprado há três meses as 30 milhões de vacinas que faltam ao país” de quase 30 milhões de habitantes, disse o ministro em entrevista à AFP em Caracas.

“Como estão bloqueados, aqui estamos nós. Algumas vêm dos russos, algumas vêm dos chineses”, acrescentou.

A Venezuela recebeu pouco menos de 1 milhão de vacinas: 250.000 doses da russa Sputnik V e meio milhão da farmacêutica chinesa Sinopharm.

Atualmente, seu plano de vacinação inclui profissionais de saúde, professores e autoridades.

“Não só teríamos os 30 milhões de vacinas, mas teríamos vacinado metade da população se não tivéssemos os recursos represados nos bancos internacionais”, acrescentou.

A meta do governo venezuelano é vacinar 70% da população este ano.

Maduro também negocia seu acesso à aliança global Covax da Organização Mundial da Saúde, em meio a uma disputa política com o líder oposicionista Juan Guaidó, que controla justamente os fundos venezuelanos bloqueados no exterior pelas sanções.

Guaidó disponibilizou 30 milhões desses recursos justamente para ter acesso à Covax, mas até agora isso não se concretizou.

“Esperamos que a OPAS receba os recursos para a compra de vacinas na Venezuela, a OPAS e o mecanismo Covax, e que eles nos dêem nossas vacinas, porque as pagaremos”, disse Arreaza.

Mais cedo, o diretor do Departamento de Emergências de Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Ciro Ugarte, declarou que “as negociações e conversas continuam e os esforços para desbloquear os recursos da Venezuela no exterior continuam em andamento”.

“De tal forma que o pagamento para o acesso à aliança Covax não foi feito”, acrescentou.

A Venezuela vive uma segunda onda da covid-19, que as autoridades garantem ser “mais virulenta” e vinculada a variantes brasileiras.

O governo registra cerca de 165 mil casos e quase 1.700 mortes, números questionados por ONGs como a Human Rights Watch, considerando que há uma alta subnotificação.

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