A indicação do economista Ilan Goldfajn, do Itaú-Unibanco, para presidência do Banco Central foi bem recebida por senadores. Apesar disso, a maioria dos parlamentares ouvidos pela Agência Brasil disse que não há clima no Congresso para aprovar propostas que resultem em criação ou aumento de impostos.
A ideia de recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e a proposta de aumento de alíquota do imposto sobre combustíveis – conhecido como Cide (Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico) – não foram confirmadas pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que também não descarta a possibilidade.
Mesmo se necessária, a medida é rejeitada, por exemplo, pelo líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), partido que apoia o governo do presidente interino Michel Temer e comanda hoje três ministérios.
“O que o governo não pode fazer é o caminho mais fácil e que sempre foi utilizado, que é aumentar carga tributária. Sempre tivemos uma posição contrária a esse caminho e essa posição está mantida”, afirmou Cunha Lima. Segundo ele, o ajuste fiscal tem de começar pelo lado [do corte] da despesa e não pelo campo da receita, que sacrificará ainda mais o trabalhador, o empresário e trará uma dificuldade maior para o processo de atividade econômica que o Brasil precisa”, defendeu.
O líder do DEM na Casa, Ronaldo Caiado (GO), pensa do mesmo modo. O senador destacou que “não há clima para aumento de impostos”. Disse que a sociedade deseja ver primeiro quais são os cortes, as mudanças e quais são realmente as economias que o governo está fazendo para não ampliar despesas.
O parlamentar goiano acrescentou que MeirelLes demostrou que já tem o comando total da pasta e a cautela necessária. “Ele foi bem direto em mostrar as reformas que tem de ser feitas, as mudanças, [a preocupação] com as contenções de gastos, a fim de que, aí sim, possa apresentar alterNativas que venham tirar o Brasil do caos e do colapso que o governo do PT enfiou o Brasil nesses últimos anos”, afirmou Caiado.
Ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Dilma, Armando Monteiro também elogiou a escolha para o comando do Banco Central. Informou que Goldfajn é um homem muito experiente e conhecedor da realidade do mercado financeiro, perfil, segundo ele, fundamental para “dar passos com cautela”.