A situação das cidades atingidas pela cheia do Rio Madeira em Rondônia e no Acre voltou a ter destaque nos debates do Senado na sessão desta segunda-feira (24).
O nível do rio chegou a 18,5 metros na manhã de hoje.
Esse registro supera todas as marcas históricas e agrava a situação das populações atingidas pelas cheias em Rondônia e no Acre há quase um mês.
Desde o início das enchentes, os senadores dos estados atingidos têm utilizado a tribuna para expor as conseqüências da cheia para as populações ribeirinhas e para a economia.
Também reivindicam socorro para as famílias desabrigadas ou desalojadas — mais de 8 mil somente em Porto Velho, distritos e cidades vizinhas — e soluções definitivas para o problema.
O senador Anibal Diniz (PT-AC) manifestou sua preocupação com a enchente do Madeira. Além de várias famílias estarem desabrigadas, a BR-364 está com o tráfego interrompido em vários trechos por causa da cheia. Por essa razão o abastecimento de alimentos e combustível para as cidades está comprometido.
– Toda essa situação mostra o quanto é delicado promover o desenvolvimento na região amazônica, o quanto é delicado gerenciar estados amazônicos – disse Anibal.
Esclarecimentos
O senador Jorge Viana (PT-AC), que na semana passada pediu a ajuda do governo federal para as vítimas das enchentes no Acre, quer esclarecimentos sobre os estudos realizados para a construção da BR-364.
Por causa da enchente, a rodovia, única ligação rodoviária entre o Acre e o resto do Brasil e fundamental para o escoamento da produção das Regiões Norte e Centro Oeste, ficou submersa em vários trechos.
O parlamentar quer que o Ministério dos Transportes faça uma investigação sobre o motivo de a estrada ficar com trechos alagados quando o nível do rio sobe.
— É muito estranho que não se tenha as informações necessárias para estabelecer o leito da BR-364 — disse o senador.
Jorge Viana também vai enviar ao Ministério de Minas e Energia requerimento questionando se as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau são responsáveis pelo transbordamento do Rio Madeira.
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) pediu atenção das autoridades. Ele disse que a enchente é mais grave do que as registradas em 1982 e em 1997 e acredita que o motivo não seja apenas o excesso de chuva:
— Segundo dados também científicos, o degelo na Cordilheira dos Andes foi maior este ano do que em anos anteriores — observou o senador, acrescentando que a água do degelo corre para os Rios Madre de Dios, Bene e Mamoré e chega até Porto Velho, desaguando pelo Rio Amazonas.
Recursos federais
Ao lamentar a cheia do Rio Madiera e suas conseqüências, Acir Gurgacz, disse que o maior drama virá quando as águas baixarem, por isso pediu ao governo federal a liberação de recursos para que os governos estaduais e municipais possam ajudar as famílias desabrigadas.
— Este ano a cheia foi muito maior e a situação já é de calamidade pública em muitos locais. Os municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré estão completamente ilhados, visto que o trânsito de veículos e caminhões foi interrompido na BR-364, que também deixa o Acre em situação difícil, sem ligação rodoviária.
Começa a faltar alimentos no supermercado, água potável, gás de cozinha e também combustível — alertou o senador.
Também na semana passada, o senador Ivo Cassol (PP-RO) chamou a atenção para a importância da ajuda do governo para as famílias ribeirinhas afetadas pela enchente do Rio Madeira.
Cassol disse que o governo já está promovendo ações de distribuição de cestas básicas e medicamentos, mas pediu aos prefeitos dos municípios atingidos para que agilizem as ações junto ao governo federal de forma que essas famílias tenham acesso a recursos financeiros para custear pequenas despesas.