Os ministros de Relações Exteriores, José Serra, e da Cultura, Roberto Freire, estão em Havana representando o Brasil nas homenagens fúnebres ao ex-presidente cubano Fidel Castro, que faleceu na última sexta-feira (25).
O avião com a delegação oficial brasileira decolou na madrugada (29) e também embarcaram a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG) e outros membros do corpo diplomático brasileiro. Segundo a agenda oficial do ministro José Serra, ele participa, às 19h, horário de Cuba, (três horas a menos em relação ao horário de Brasília) de cerimônia na Praça da Revolução.
A deputada Jô Moraes ressalta a ligação que Fidel Castro tinha com o país. “Nas vezes em que esteve no Brasil, como no Congresso da União Nacional dos Estudantes em 1999, ele demonstrou uma preocupação com nosso desenvolvimento nacional e também com as condições de vida de nossa população”. Jô Moraes não acredita que a morte do ex-presidente cubano possa trazer mudanças nas relações bilaterais entre Brasil e Cuba, pois considera que os acordos e entendimentos da diplomacia internacional são processos de longo prazo.
“Não são medidas que se tomam de uma hora para a outra. Acordos de cooperação às vezes demoram anos para serem aprovados pelos respectivos países. Em que pese integrantes do novo governo terem um entendimento diferente dos governos anteriores, há mais de 10 anos há uma construção na política externa brasileira voltada para o aprofundamento da política sul-sul e para uma maior aproximação com os irmãos latino-americanos. Muitos acordos com Cuba estão em andamento”, analisa.
Fidel Castro liderou a revolução cubana na derrubada da ditadura de Fulgêncio Batista em 1959. Governou o país por 49 anos até 2008, quando foi substituído por seu irmão, Raúl Castro. Mesmo com o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, Cuba atingiu nas últimas décadas índices elevados de desenvolvimento humano, como a menor taxa de mortalidade infantil do continente americano e a erradicação do analfabetismo em 1961. Mas a imagem de Fidel é controversa: para muitos, um líder que lutou pela igualdade e contra o imperialismo e o capitalismo; para outros um ditador autoritário.
Em nota publicada no sábado (26) e assinada pelo ministro José Serra, o Itamaraty afirma que a trajetória de Fidel é composta de “dolorosos conflitos e contradições de um período histórico conturbado, no qual ideais de desenvolvimento e justiça social nem sempre se conciliaram com o respeito aos direitos humanos e à democracia”.
O texto diz ainda que o ex-presidente de Cuba “entra para a história como uma das lideranças políticas mais emblemáticas do século 20” e que “não é possível entender a história de nosso continente sem referência a Fidel, suas ideias e ações à frente da revolução cubana e do governo de seu país”