Temer diz que delações não devem ser ‘feijão com arroz’

O presidente Michel Temer afirmou que os acordos de delação devem ser algo “excepcional” e concordou que as colaborações se tornaram “feijão com arroz”, sugerindo que o instituto hoje é algo muito recorrente.

Em entrevista à Rede Vida, que foi ao ar nesta segunda-feira (15), ao ser questionado se a delação premiada havia virado “feijão com arroz” na Justiça, Temer consentiu e afirmou que os acordos servem para se obter “dados investigatórios, não dados condenatórios”.

“Não quero tirar a importância. Uma empresa aí parece que tinha 77 delatores. A Odebrecht. Aí, para usar a sua expressão… São fatos repetitivos… Eu não sei se isto é o melhor. Também não quero fazer considerações sobre isso.”

A seguir, disse que, como chefe do Poder Executivo, precisa ser cauteloso nas observações sobre o assunto para não indicar interferência.

“Às vezes digo uma palavra qualquer [e falam]: ‘O presidente disse que delação é feijão com arroz’ ou qualquer coisa. Não quero isso.”

Temer e oito de seus ministros foram citados na delação da Odebrecht, que teve seu teor divulgado há um mês. Ele não será investigado agora porque os relatos são sobre situações anteriores ao mandato.

Na entrevista, o presidente também defendeu o benefício do foro privilegiado – que garante a certos políticos e a juízes não serem julgados em primeira instância.

“Você imagina um ministro do Supremo Tribunal Federal sendo processado por um juiz de primeiro grau. Você percebe a inversão de valores? É uma coisa complicada.”

IMPEACHMENT

Temer também foi questionado sobre as críticas ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e disse que fica estarrecido quando alguém chama de golpista aquele que chegou ao poder “por determinação constitucional”.

“A única solução que eu teria [na época do impeachment] seria dizer ‘eu me recuso a assumir’. Daí seria um desastre para o país porque a normalidade institucional demonstra que, se o presidente sai, o vice-presidente assume.”

Temer aproveitou a ligação da emissora de TV com a Igreja Católica para pedir que a instituição promova a tolerância no debate político. “As pessoas agem com muita raiva, com explosões, até físicas.” Com informações da Folhapress.

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