Tratamento inédito evita mutilação de pacientes com condilomatose vulvar

A Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), comprovou a eficácia de um método novo de tratamento para condilomatose vulvar (causada por HPV), que evita a mutilação de pacientes com a doença na fase avançada, etapa considerada por especialistas como pré-cancerosa.

O primeiro caso tratado a partir desse tipo de protocolo ocorreu no âmbito da instituição amazonense, este ano, e o resultado foi considerado 100% satisfatório.

Segundo o responsável pelo Serviço de Cirurgia Pélvica da FCecon, cirurgião oncológico Marco Antônio Ricci, não há registro deste tipo de tratamento nessa região específica do corpo humano na literatura médica.

De acordo com o cirurgião, a paciente foi encaminhada à FCecon com condilomatose gigante, doença caracterizada pelo aparecimento de verrugas na região da vagina e ânus.

A paciente, uma jovem de 18 anos, passou por tratamento convencional a base de ácido e medicamentos por cerca de um ano em outra instituição e, em seguida, foi encaminhada à Fundação com indicação de vulvectomia radical (retirada da vulva e tecidos ao redor).

Após uma análise da equipe multidisciplinar, com o auxílio dos médicos especialistas em radioterapia e oncologia clínica Leandro Baldino e Fábio Medeiros, houve consenso que a paciente deveria ser submetida a um tratamento similar ao indicado a alguns portadores de câncer, com associação de quimioterapia e radioterapia, pelo período aproximado de dois meses, com sessões espaçadas.

“Localizamos, após uma ampla pesquisa, que este tratamento já havia funcionado em outras localizações, como no reto. Isso contou muito para que decidíssemos o caminho da terapia”.
“O objetivo era reduzir o condiloma (verruga genital), que já tomava toda a vulva e ânus da paciente. Consideramos, para a tentativa de tratamento, a idade da paciente, já que uma cirurgia do porte que ela seria submetida seria considerada mutiladora e ocasionaria uma mudança radical de vida a ela. Nosso objetivo era que ela não perdesse a vulva”, explicou Marco Antônio Ricci.

De acordo com ele, o tratamento apresentou resultados promissores, com a regressão total do condiloma, sem maiores prejuízos à paciente.

“Além disso, houve completa recuperação da anatomia”, destacou. De acordo com ele, a paciente agora passa por acompanhamento periódico na instituição e é submetida, a cada consulta, aos exames Papanicolau (preventivo), análise clínica ginecológica e vulvoscopia (avaliação da estrutura da vulva), uma vez que o HPV, quando contraído – geralmente por contato sexual – não tem cura.

“O HPV é o responsável por mais de 90% dos casos de câncer de colo uterino, segundo especialistas da área, mas não precisa chegar ao ponto de desenvolver uma neoplasia maligna se tratado a tempo. No caso específico desta paciente, os danos seriam outros, porém, irreversíveis se não conseguíssemos sucesso na reversão da doença”, comentou.

O estudo de caso será apresentado de forma inédita na terceira edição do Congresso Pan Amazônico de Oncologia, promovido pela FCecon, através da Diretoria de Ensino e Pesquisa, entre os dias 11 e 14 de novembro, no Hotel Intercity Premium, na rua Marciano Armond, Adrianópolis, Zona Centro Sul de Manaus. As inscrições podem ser feitas no site www.panamazonicodeoncologia.com.br. De acordo com o diretor-presidente da FCecon, pneumologista Edson de Oliveira Andrade, a expectativa é que o evento, que já é considerado um dos maiores do País na área oncológica, reúna cerca de mil pessoas, entre palestrantes e congressistas da área da saúde, tais como médicos, enfermeiros, psicólogos, técnicos em enfermagem, radiologia, radioterapia, fisioterapeutas, entre outros.
Fazem parte do cronograma o III Congresso de Enfermagem Oncológica, o I Workshop de Radiologia e o I Congresso Multidisciplinar de Oncologia em Cabeça e Pescoço, além da exposição de trabalhos científicos desenvolvidos no âmbito da Fundação Cecon.

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