A queda de 18,6% do dólar no primeiro semestre não deverá afetar as exportações brasileiras este ano, disse hoje (1º) o diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Herlon Brandão. Segundo ele, mesmo com o recuo nos seis primeiros meses do ano a cotação continua atrativa para os exportadores, e a maioria dos contratos comerciais é fechada com meses de antecedência.
De acordo com Brandão, a taxa média de câmbio no primeiro semestre de 2016 ficou em R$ 3,70, contra R$ 2,97 no primeiro semestre do ano passado e R$ 2,97 em todo o ano de 2015. “O patamar ainda é alto em relação ao que vinha acontecendo nos últimos anos. Isso é positivo e ajuda a manter a rentabilidade do exportador”, declarou.
O diretor do ministério não informou projeções, mas disse esperar que o câmbio médio em 2016 feche o ano em um nível maior que o de 2015. “A última edição do Boletim Focus [pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo Banco Central] estima câmbio de R$ 3,60 no fim do ano. Se o dólar fechar nesse nível, certamente o câmbio médio ficará acima do observado em 2015”, acrescentou.
Com a maior parte dos contratos com compradores estrangeiros fechada, Brandão afirmou que, somente se o dólar ficar em valores abaixo do câmbio médio do ano passado por muito tempo, as exportações brasileiras, principalmente de manufaturados, podem ser afetadas.
“Os contratos comerciais são fechados com meses de antecedência. Somente uma queda duradoura, de longo prazo, no dólar poderá impactar as vendas externas”, comentou.
No primeiro semestre, o país registrou superávit comercial (diferença entre exportações e importações) de US$ 23,635 bilhões, melhor recorde para o período. O saldo comercial recorde, no entanto, se deve ao fato de que as exportações caíram em maior ritmo que as importações. De janeiro a junho, o valor das vendas externas caiu 5,9% em relação ao mesmo período do ano passado, mas o valor importado despencou 28,9%.
Conforme Brandão, o ministério mantém a estimativa de que a balança comercial encerre o ano com resultado positivo entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões. A pasta também manteve estimativa de que as vendas de manufaturados encerrem o ano com pequeno crescimento em relação a 2015. No primeiro semestre, as exportações desse tipo de produto fecharam com queda de 4%.