“Facinho”: Áudio aponta negociação para morte de delator do PCC, por R$ 3 milhões

O empresário Antonio Vinicius Gritzbach (Foto: Reprodução)

Foi revelado o áudio de uma conversa entre um policial civil e um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) que mostra a negociação da morte do empresário Antonio Vinícius Gritzbach, delator da facção criminosa. Ele foi assassinado a tiros na última sexta-feira (8/11), dentro do Aeroporto de Guarulhos.

O portal Metrópoles revelou a gravação, que foi entregue ao Ministério Público de São Paulo (MPSP). Na conversa, a oferta pela morte do empresário é de R$ 3 milhões.

Na conversa, se pode ouvir o agente Valdenir Paulo de Almeida, policial civil conhecido como “Xixo”, conversando com integrante do PCC.

“Você acha que três [milhões] vai?”, pergunta o integrante do PCC. “É, pensa nos três, vai pensando, me fala depois”, responde o policial. “Mas você acha que ‘tá’ fácil resolver ou ‘tá complicado’?”, questiona o faccionado, ao que o policial afirma: “Tá fácil, facinho”.

Ouça aqui.

O integrante do PCC ainda pergunta se “o passarinho tá voando direto”, ou seja, se o Vinícius está saindo de casa. O policial responde que “às vezes voa, só que tem um segurança”.

Xixo, o policial na gravação, foi preso pela Polícia Federal (PF) em agosto após registrar o recebimento de R$ 800 mil em propina paga por integrantes do PCC.

Entenda o crime

Gritzbach voltava de Alagoas rumo a São Paulo e desembarcou no aeroporto de Guarulhos após voltar de uma viagem com a namorada e o motorista particular dele na tarde de sexta-feira (8). A segurança dele era feita por quatro policiais militares contratados pelo próprio empresário.

O transporte dele era feito por uma escolta de dois veículos. Um dos carros apresentou uma falha e foi deixado em um posto de combustível sem acessar a área de desembarque. A investigação irá apurar se houve mesmo falha mecânica ou se episódio pode estar relacionado com o crime.

Assim que deixou o saguão do aeroporto, o empresário foi assassinado por dois homens encapuzados com fuzis. Os atiradores entraram em um Gol preto e fugiram do local.

Gritzbach foi atingido por 10 tiros e morreu na hora. Os disparos acabaram atingindo outras pessoas, que não tinham ligação com o empresário, incluindo o motorista de aplicativo Celso Araújo de Novais, que acabou falecendo na noite de sábado (9).

O veículo que teria sido no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto ainda na sexta-feira (8). Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.

Os policiais militares que faziam a escolta de Gritzbach prestaram depoimento à polícia. Eles tiveram os celulares apreendidos e foram afastados de suas funções.

O empresário era ameaçado pela facção criminosa PCC e já tinha escapado de um atentado no Natal de 2023. O Ministério Público acusou Gritzbach e o policial penal David Moreira da Silva, 38, pelos assassinatos de dois membros do PCC. O empresário também teria embolsado cerca de R$ 40 milhões da facção.

A polícia investiga se a vítima foi assassinada a mando do PCC. Mas também não descarta outras possibilidades, como queima de arquivo, já que ele havia assinado acordo de delação premiada e tinha vários agentes públicos como inimigos, a quem disse ter pago altos valores em propinas.

*Com informações de Metrópoles

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