Abandonado e com imensa barba branca, José Melo comparece à 15ª Vara sem advogado

Esqueceram do “Melinho”, 72 anos, ex-governador do Amazonas,preso pela Polícia Federal em dezembro do ano passado, por suposta propina de R$ 120 milhões da área da saúde, através de um esquema instalado na gestão do ex-governador do Amazonas, período 2014/2017.

Terça-feira, dia 09, José Melo, intimado pela juíza Sanã Nogueira Almendros de Oliveira a comparecer no Juízo de Direito da 15ª Vara do Juizado Especial Criminal, José Melo chegou só, sem advogado – isolado de tudo e de todos.

Somente a escolta policial, formada pelos tenente PM Adaumir e soldado PM Felipe, servidores da Secretaria de Estado Administração Penitenciária (SEAP), esteve com o ex-governador em mais um episódio da infeliz desventura desde que caiu nas malhas da terceira fase da Operação Maus Caminhos, batizada pelo nome de ‘Estado de Emergência’.

Com uma enorme barba branca, calçado com um par de sandálias, vestindo uma camisa de cor amarela e calça escura, José Melo entrou no elevador do fórum, triste, como o olhar distante, como se ignorasse a própria existência.

Na sala de audiência da 15ª Vara do Juizado Especial Criminal não restou para o Ministério Público outra alternativa senão pedir a designação de outra audiência, pedido acatado pela juíza Sanã Nogueira Almendros de Oliveira.

José Melo e Raul Zaidan, ex-chefe da Casa Civil, foram intimados pelo descumprimento de uma liminar expedida no dia 5 de outubro de 2016 pelo desembargador João Mauro Bessa em favor de José Alexandre Sales da Silva, Roberto Moreira da Sila e Antônio Silva de Souza – todos integrantes da Polícia Militar do Amazonas.

Nos últimos 30 anos, como integrante da nata política do Amazonas, José Melo era prestigiado, respeitado, paparicado, presença indispensável nas grandes decisões do poder.

Ao longo de sua trajetória política, traçada como professor e representante do Ministério da Educação no Amazonas, ] exerceu vários cargos de relevância tanto na esfera do poder executivo quanto do legislativo.

Até chegar ao topo do poder foi deputado estadual, deputado federal, secretário de Educação, vice-governador entre tantos.

Hoje, no degredo carcerário, sem foro privilegiado, sem eira e sem beira, Melinho não tem mais amigos, nem prestígio. Sofre, estoicamente, o isolamento, a terrível dor do esquecimento, confinado em uma das celas frias do presídio por ele mesmo construído.

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