Comunidade científica do INPA lança Manifesto em favor da democracia e contra o golpe

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) não é só um fragmento florestal no meio de Manaus. É uma instituição que também está preocupada com a situação crítica pela qual passa o país. Pensando nisso um grupo de pesquisadores, professores e estudantes da instituição, se reuniu no final da tarde desta terça-feira (03), no Auditório PPG-ATU-ECO, na unidade do INPA no V-8, para discutir o atual cenário político e os reflexos disso na área da ciência e tecnologia.

O Ato – que contou com palestras dos professores Odenildo Senna (Ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Amazonas); José Aldemir (ex-reitor da UEA); Welton Oda (professor da UFAM); sindicalista Walter Matos (SINDSEP-AM) e Aldemir Caetano (Frente Brasil Popular) – abordou temas como: Os avanços da Ciência e Tecnologia no Brasil e Amazonas nos últimos anos; A Nova Fase de Luta em Defesa da Democracia e o Ataque aos Direitos dos Trabalhadores: de volta a um passado de perdas e arrocho.

Na oportunidade, foi lançado um Manifesto de servidores, professores, pesquisadores e estudantes do INPA pela Democracia. A pesquisadora na área de Agricultura Tropical, Sônia Alfaia – uma das organizadoras do evento – conta que a idéia é o INPA também manifestar suas posições a respeito dessa situação de instabilidade pela qual passa o país, assim como têm feito a UEA, a UFAM e outras instituições. O manifesto será encaminhado aos senadores e à sociedade em geral, especialmente a quem vive na Amazônia.

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“Queremos mostrar que nós não somos apenas pesquisadores que estamos aqui calados e que não estamos vendo nada do que está acontecendo. Então organizamos esse ato em defesa da Democracia. É um ato apartidário, mas todo mundo aqui reconhece os avanços do setor de ciência e tecnologia nos últimos 14 anos. Se formos comparar com os governos passados, tivemos um aumento muito grande de investimento”, ressaltou Sônia.

Para o estudante de doutorado em Clima e Ambiente, Igor Oliveira Ribeiro, os acadêmicos já estão sofrendo as conseqüências desse processo. Ele está trabalhando em uma pesquisa sem bolsa e fazendo sacrifícios para não desistir de seu projeto. “Temos um problema muito sério nas instituições de pesquisa e ensino do país, principalmente no Amazonas, e a questão política atual está refletindo em cortes muito grandes na área. A Ciência e Tecnologia será um cargo de barganha no Governo Temer, tanto que o possível ministro da pasta não tem qualquer ligação com a área. Então a gente pergunta: o que se pode esperar de um país que não investe em ciência e tecnologia? Qual é o nosso futuro?, questiona Igor.

Perdas para os servidores públicos – Outro tema abordado no Ato em Defesa da Democracia, no INPA, foi sobre possíveis perdas para os servidores públicos federais com um possível impeachment da presidente Dilma. A principal preocupação é com relação aos acordos trabalhistas fechados com o Governo. Para o secretário geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Amazonas (Sindsep-AM), Walter Matos, em caso de impedimento, a campanha salarial da categoria estará seriamente ameaçada, até porque não há um ato assinado ou uma Lei promulgada e, sim, um acordo com o Governo Federal. “O acordo de 10,8% e também a incorporação das gratificações – que foi a maior conquista da campanha salarial de 2015 porque beneficiaria inclusive os aposentados de 2004 para cá – com certeza não será cumprido por um novo governo, até porque as gratificações são maiores que o salário e um terço delas já começariam a ser pagas em janeiro de 2017. Passando o impeachment temos certeza que teremos que iniciar uma nova batalha salarial. Já está claro para nós que eles não vão cumprir o acordo”, desabafou Walter.

Paralisação Nacional

A Frente Brasil Popular, também presente ao Ato, anunciou uma grande paralisação nacional no dia 10 de maio, dia que antecede a votação do processo de impedimento da presidente Dilma. “Qualquer que seja o resultado, mesmo depois da votação no Senado, os movimentos sociais, as igrejas, os sindicatos, movimento juvenil, organizações dos movimentos populares e outras entidades, vão para a rua. Vamos parar vários setores. A frente Brasil Popular não vai dar um minuto de sucesso para um eventual Governo Temer”, disse o integrante do movimento, Aldemir Caetano.

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