Defende a corrupção, sr. Moro, quem corrompe o combate à… corrupção! por Reinaldo Azevedo

Blogo do Reinaldo Azevedo – O ministro da Justiça, Sergio Moro, está de licença. Segundo o porta-voz da Presidência, Rêgo Barros, o homem foi se “reenergizar”. Entendo. Seis meses de trabalho o deixaram muito cansado.

Mas, sabem como é, o Twitter está sempre à mão. E ele se saiu com esta:

“Sou grande defensor da liberdade de imprensa, mas essa campanha contra a Lava Jato e a favor da corrupção está beirando o ridículo. Continuem, mas convém um pouco de reflexão para não se desmoralizarem. Se houver algo sério e autêntico, publiquem por gentileza”.

É sempre encantador quando alguém começa uma frase dizendo que é defensor da liberdade de imprensa, engatando, em seguida, uma oração adversativa: “mas…” E aí o apreço pela tal liberdade desvanece

A afirmação foi feita no dia seguinte às duas revelações publicadas por este blog:

1 – Deltan Dallagnol pediu, e Moro concordou em lhe repassar R$ 38 mil “daquele dinheiro antigo” que estava sob os cuidados da 13ª Vara Federal de Curitiba para financiar um vídeo em defesa das dez medidas contra a corrupção. Consta que só ficou na promessa. Mas a coisa é muito grave. De resto, “aquele dinheiro antigo” parece ser um segredo de ambos. Tem cara de “recurso não-contabilizado”, para empregar expressão celebrizada por Delúbio Soares. Nesse caso, torna-se impossível saber se foi usado ou não;

2 – Moro participou de reunião com a PF e com procuradores para definir o futuro da Lava Jato. Isso é ainda mais grave. Agressão ao devido processo legal e desmoralização da figura do juiz.

DE VOLTA

Pois bem… Moro está preocupado com a reputação dos jornalistas que publicam as informações contidas no material recebido pelo The Intercept Brasil? Ora, não me diga! Em lugar dele, eu olharia no espelho. Quem está em franco processo de desmoralização, posso assegurar, não é o jornalismo que faz o seu trabalho e cumpre a sua função.

Como? Moro nos autoriza — TIB, Folha, Veja e este jornalista — a “publicar algo sério”? Bem, e quem julga essa seriedade? Ora, o próprio Moro, o juiz universal!

Vou propor aos demais veículos que a gente marque reunião com Moro quando decidir publicar qualquer coisa. Se ele der o seu “imprimatur”, a gente publica; se não, então não!

Moro é hoje uma sombra do que já foi, e sua atual reputação está adequada à sua biografia. E acho que ainda falta muito ajuste.

Mantenho a minha sugestão ao valente: renuncie!

De resto, senhor ainda ministro, convém registrar: faz campanha em favor da corrupção quem corrompe os instrumentos de Estado para… combater a corrupção

 

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