Em Manaus 210 detentos são indiciados por envolvimento em massacre no Compaj

Em entrevista coletiva sexta-feira, 01, o o delegado-geral da Polícia Civil do Amazonas, Frederico Mendes, juntamente com o delegado-geral adjunto da instituição, Ivo Martins, declarara que a políicia apurou as autorias e as circunstâncias das mortes de 56 detentos que cumpriam pena no regime fechado do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no quilômetro oito da Rodovia Federal BR-174. O massacre aconteceu no dia 1º de janeiro deste ano.

De acordo com as declarações, “Zé Roberto da Compensa” ordenou que detentos identificados como “Maguila” e “Caroço”, que comandavam o grupo da FDN dentro do Compaj, realizassem o massacre. Esses dois detentos passaram as coordenadas para que outros nove presos colocassem o plano em prática. “Maguila” e “Caroço” coordenaram toda a ação dentro do presídio.

O delegado-geral enfatizou que após os crimes foi criado um grupo de trabalho para investigar as mortes que aconteceram na unidade do sistema prisional do Estado.

Durante a coletiva o delegado Ivo Martins relatou que 210 detentos foram indiciados por participação nas mortes das 56 vítimas do Compaj.

Os delegados que integram o grupo de trabalho relataram que 350 pessoas foram ouvidas no IP, que iniciou no dia 9 de janeiro e foi concluído nesta semana, precisamente no dia 31 de agosto.

O documento possui, aproximadamente, 2,6 mil folhas com materiais diversos, entre oitivas, fotos, áudios, laudos dos exames de necropsia e DNA feitos nos corpos, ofícios que foram remetidos a órgãos, incluindo a empresa Umanizzare Gestão Prisional Privada. Também foram acrescentadas no IP imagens de vídeos das câmeras do circuito interno do Compaj, que também foram analisadas.

A autoridade policial afirmou que “Maguila” e “Caroço”, juntamente com outros 15 detentos, foram transferidos para presídios federais no dia 11 de janeiro deste ano. Emília Ferraz explicou, ainda, que os alvos principais eram certos.

“Algumas vítimas, como “Velho Sabá”, não era integrante do PCC, mas era um dos alvos. Outros indivíduos eram estupradores, além de presos vulneráveis e membros do PCC. Em algumas situações as vítimas já entraram no presídio com a sentença de morte decretada”, afirmou.

Dinâmica da ocorrência

O delegado Rodrigo Azevedo informou que a rebelião iniciou, exatamente, às 15h59, quando alguns detentos que estavam custodiados no Pavilhão Três, onde estavam os comandantes da FDN, renderam os agentes de socialização. Em seguida trocaram tiros com a guarnição da Polícia Militar que estava na Portaria Três do presídio para ter acesso a todos os presos de uma área chamada “Seguro”, local onde ficavam custodiados os presos considerados vulneráveis e 26 detentos da facção criminosa PCC. Desse local foram mortos 23 presos do PCC.

Ao longo coletiva o delegado Tarson Yuri explicou, também, que a massa carcerária avançou no corredor para tomada do “Seguro”. Durante a rebelião foram quebradas várias partes dos telhados do presídio para retirada de integrantes da FDN que estavam custodiados na área chamada de “Seguro”.

“Os detentos escreveram a sigla FDN nas paredes com sangue das vítimas para representar a vitória da facção. Membros do PCC atearam fogo em colchões nas entradas das celas para tentar impedir que os integrantes da FDN conseguissem entrar nos espaços. Alguns detentos do PCC tentaram fugir por uma janela, de uma das celas, que foi serrada, mas foram alcançados pelos presos da FDN e foram mortos”, relatou.

Envio do IP à Justiça

Para concluir, o delegado-geral da instituição informou que o IP será remetido à Justiça na próxima segunda-feira, dia 4. Frederico Mendes parabenizou todas as pessoas envolvidas na elucidação das mortes no Compaj.

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