As principais pesquisas de intenções de voto mostram que os três candidatos que devem receber a maior porcentagem de votos nas eleições para governos estaduais estão no Nordeste. Todos eles concorrem à reeleição e são defensores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo sendo a região mais afetada pela crise econômica desde 2015.
Segundo levantamentos mais recentes do Ibope, em cinco estados do Nordeste os governadores devem ser reeleitos já no primeiro turno. Em três deles, os líderes superam o patamar de 60% das intenções de voto – cenário que não se verifica em outas regiões do país. Em termos percentuais, Camilo Santana (PT), que lidera a última pesquisa Ibope para o Ceará, é o candidato a governador com o maior índice de intenções de voto, 69%.
Em Alagoas, Renan Filho (MDB) lidera com 65% das intenções de voto. O petista Rui Costa, que disputa a reeleição na Bahia, também lidera as pesquisas com folga. Ele tem 60% no último levantamento do Ibope. Os outros dois governadores com chance de vencer no primeiro turno são Flávio Dino (PCdoB), com 49% no Maranhão, e Wellington Dias (PT), com 46% no Piauí.
Dos cinco nomes que lideram na corrida para reeleição, quatro estiveram na visita que tentaram fazer a Lula em Curitiba, dia 10 de abril –apenas Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, não estava. Para a cientista política Luciana Santana, professora da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), a liderança dos governadores defensores do ex-presidente Lula não é uma coincidência e tem muito a ver com a força do petista na região.
“Por ser um momento de incerteza politicas e de polarização política, um dos fatores que pode influenciar é a memória retrospectiva do eleitor sobre o mandato ou nomes que conseguiram enfrentar melhor a crise. Esses cinco candidatos que podem ser reeleitos são de estados que se posicionaram contra a prisão de Lula. Parece coincidência, mas não é”, afirma. “Independente de outras avaliações, foram nos governos de Lula que a região recebeu mais investimentos e atenção da gestão federal”, completa.
Apesar de ter sofrido com a crise econômica de forma intensa, a cientista acredita que as mudanças de vida do nordestino nesse século fizeram a região atingir outro patamar –o que é levado em conta agora pelo eleitor.
“A região esteve em uma situação muito pior, como anos 1980 e 90, em comparação com essa crise. O Nordeste era uma região extremamente prejudicada pelas mudanças econômicas, pelas instabilidades políticas. Houve o estabelecimento da economia com Fernando Henrique, mas investimento na região veio mesmo nos governos Lula”, afirma.
Santana ainda acrescenta que há no país um alto índice de reeleição desde 1998, quando a reeleição foi inserida no sistema político. “Os governadores têm alcançado uma taxa de sucesso alta, de 70% em média. Soma-se a isso que o resultado é influenciado por um conjunto de fatores que definem a competitividade do candidato, alternativas à disposição do eleitor ou as condições nas quais estão competindo”, ressalta.
Fonte/noticias.uol.com.br