CARTA CAPITAL – O ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão de seu cargo nesta sexta-feira 15. A informação foi confirmada pela assessoria da pasta, que também afirmou que haverá uma coletiva de imprensa.
Teich havia assumido o lugar de Luiz Henrique Mandetta há menos de 1 mês – completaria, oficialmente, neste domingo 17 -, e vinha discordando da política do presidente Jair Bolsonaro em querer implementar, a qualquer custo, a cloroquina como tratamento base para a covid-19.
A demissão vem no momento que o País registra, diariamente, novos recordes de pessoas que morrem em decorrência da covid-19. Até agora, são 13.993 vidas perdidas. O número de casos confirmados de coronavírus chegou a 202.918.
Durante uma teleconferência feita com empresários nesta quinta-feira 14, o presidente disse que o protocolo atual para o uso da cloroquina “pode e vai mudar” – ignorando recomendações da comunidade científica, que recomenda cautela com o uso do remédio.
“Agora votaram em mim para eu decidir e essa questão da cloroquina passa por mim. Está tudo bem com o ministro da Saúde [Nelson Teich], sem problema nenhum, acredito no trabalho dele. Mas essa questão da cloroquina vamos resolver. Não pode o protocolo, de 31 de março agora, quando estava o ministro da saúde anterior, dizendo que só pode usar em caso grave… Não pode mudar o protocolo agora? Pode mudar e vai mudar”, declarou Bolsonaro.
O atual protocolo do ministério da Saúde – vigente desde a gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta – prevê o uso do medicamento em casos graves, e a sua aplicação fica a cargo do médico responsável, desde que ele entenda que o paciente grave possa se beneficiar com o seu uso. Também está previsto que os possíveis efeitos da medicação sejam compartilhados com o paciente. A pasta autoriza o uso da hidroxicloroquina, mas não a recomenda, pela falta de evidências científicas sobre a sua eficácia.
Militares na Saúde
Segundo informações da Revista Veja, Bolsonaro já teria escolhido mais um militar para ocupar a pasta: o secretário-executivo do Ministério, general Eduardo Pazuello. Fontes da pasta afirmam que o número dois já estava tomando a dianteira de decisões estratégicas do combate ao coronavírus no Brasil.