Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) uniram as propriedades anti-inflamatória, analgésica e antioxidante da Curcuma zerumbet, um dos 70 tipos de açafrão, planta da família Zingiberaceae (a mesma do gengibre que é considerada medicinal), e criaram, em parceria com a empresa Biozer da Amazônia, mais um iogurte funcional com propriedades farmacológicas capaz de tratar doenças estomacais.
A raiz, ou rizoma, da Curcuma zerumbet é utilizada com finalidades terapêuticas e também como condimento na culinária. Segundo o pesquisador Carlos Cleomir, a planta possui uma substância chamada curcumina, cujas propriedades podem ser benéficas em diversas patologias, incluindo câncer, problemas de pele (psoríase) e doenças inflamatórias intestinais. No Amazonas, é utilizada como planta ornamental e consumida em forma de chá para problemas estomacais.
A doutoranda explica que o iogurte produzido nos laboratórios do Inpa contém, também, em sua formulação a curzerenona (presente no extrato da Curcuma zerumbet), sendo que tal componente apresenta atividades anti-inflamatória, analgésica e antioxidante.
A pesquisa é orientada e coordenada pelo professor e pesquisador, Carlos Cleomir, doutor em Biotecnologia e Recursos Naturais, do Laboratório de Farmacologia e Química de Produtos Naturais/Coordenação de Tecnologia e Inovação (Coti/Inpa), e coorientada pela pesquisadora Helyde Marinho, doutora em Saúde Coletiva, do Laboratório de Alimentos e Nutrição/Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde (CSAS/Inpa).
Iogurte pronto para o mercado
De acordo com a coordenadora de Extensão de Tecnologia e Inovação (Ceti/Inpa), Rosangela Bentes, a invenção faz parte dos seis pedidos de depósito de patente que o Inpa registrou, no final de 2014, junto ao Instituto Nacional de Proteção Industrial (INPI). “O Inpa dispõe de uma lista de oferta tecnológica à disposição do empresariado interessado em produzi-las industrialmente”, destaca Bentes.
Para a doutoranda, hoje, se observa que os alimentos não possuem como função apenas saciar a fome ou nutrir, mas, também, fornecer ao organismo propriedades funcionais (aquelas que beneficiam o organismo) capazes de tratar e prevenir doenças. “Os extratos de plantas em associação com a suplementação alimentar pode exercer efeitos benéficos nos desequilíbrios gastrointestinais, nos processos inflamatórios e estresse oxidativo”, explicou Seixas.
Ela ressalta ainda, que o desafio ao empregar extratos vegetais no desenvolvimento de um produto alimentício funcional encontra-se em obter um produto final que mantenha a atividade biológica do extrato e que seja viável ao consumo diário, com propriedades organolépticas (aqueles percebidos pelos sentidos humanos, como aspecto, cor, odor e sabor) e reológicas (consistência) aceitáveis.