Itaipu ultrapassa Três Gargantas e reassume liderança em produção de energia

A Usina Hidrelétrica de Itaipu quebrou, pouco depois da meia-noite deste sábado (17), o recorde mundial de geração de energia elétrica ao ultrapassar os 98,8 milhões de megawatts-hora (MWh) produzidos pela Usina Três Gargantas, na China, em 2014. Com o resultado, a empresa brasileiro-paraguaia reassumiu a liderança no setor.

A marca de hoje foi alcançada 13 horas depois que Itaipu superou seu recorde anterior de 98,6 milhões de MWh, registrado em 2013.

A equipe técnica de Itaipu prevê que a usina deve atingir na quarta-feira (21) a meta inédita de 100 milhões de MWh, energia suficiente para abastecer o consumo de todo o planeta por dois dias. A produção total de 2016 deve ficar acima de 102,5 milhões de MWh.

No ano passado, Itaipu também ultrapassou Três Gargantas e voltou a ser a maior em produção anual de energia elétrica. Em 2015, a usina binacional produziu 89,2 milhões de MWh, o que representou 2,5% a mais que a chinesa.

Em 2014, Itaipu havia perdido a posição de líder mundial de produção anual de eletricidade em decorrência da crise hídrica enfrentada pelo Brasil por causa da seca que atingiu grande parte do país, pelo segundo ano consecutivo.

Comemoração

A marca de ontem foi celebrada com uma cerimônia na empresa, onde foram instalados dois telões para o acompanhamento da contagem regressiva.

O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, comemorou a conquista do recorde de geração de energia elétrica e destacou que a usina volta a assumir a liderança mundial de produção de energia à frente de Três Gargantas. Segundo ele, a chinesa deve produzir este ano em torno de 90 de milhões de MWh.

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“Mais energia é mais energia para o desenvolvimento dos países, mais royalties que cada país recebe. Este ano foi espetacular, vamos conseguir quebrar essa marca que há tanto tempo estávamos buscando [100 milhões de MWh] e devemos fechar o ano com 102,8 milhões de megawatts-hora. Dificilmente, uma hidrelétrica vai quebrar essa marca. Nós mesmos vamos ter muita dificuldade de ultrapassar esse número, porque foi um ano em que tudo funcionou bem”, disse Samek após a cerimônia.

Uma combinação de fatores contribuiu para o bom desempenho, segundo a empresa: a afluência regular do Rio Paraná, a alta demanda de eletricidade no Brasil e no Paraguai, a otimização do uso dos recursos naturais e a elevada performance dos equipamentos.

“O regime hidrológico [de chuvas] em 2016 foi muito favorável para o nosso reservatório de Itaipu, no Rio Paraná, onde recebemos água com tranquilidade. Outro fator importante é a qualificação, o conhecimento e a organização das nossas áreas de operação e engenharia que têm otimizado a produtividade”, afirmou o diretor técnico executivo, Airton Dipp.

Itaipu e Três Gargantas

Segundo as projeções de Itaipu, este ano Três Gargantas, que fechou novembro com a geração em torno de 83 milhões de MWh, deve ter uma produção total de 90 milhões de MWh.

Com 22 mil megawatts (MW) de potência instalada, ante 14 mil MW de Itaipu, a usina chinesa começou a operar a plena carga em 2012. No entanto, embora com capacidade instalada de equipamentos superior, Três Gargantas só conseguiu produzir mais do que Itaipu em 2014, quando o Brasil enfrentava uma grande seca e a geração hídrica foi prejudicada.

Histórico

Desde a entrada em operação, em maio de 1984, Itaipu já gerou 2,4 bilhões de MWh, o que representa a maior produção de energia acumulada do mundo. Essa energia seria suficiente para suprir o consumo de todo o planeta por 40 dias.

Itaipu responde por 18% de toda a energia elétrica consumida no Brasil e atende a 82% do consumo paraguaio de eletricidade. A usina gera 2,7 mil empregos diretos: 1,4 mil no Paraguai e 1,3 mil no Brasil. Para construí-la, foram necessários U$$ 27 bilhões, captados em órgãos nacionais e internacionais, incluindo as rolagens financeiras. Atualmente, a dívida é US$ 10 bilhões. Cerca de 60% dos custos anuais tem como destino o pagamento dessa dívida. O pagamento total da dívida ocorrerá no primeiro trimestre de 2023.

A construção da usina é resultado de intensas negociações entre o Brasil e o Paraguai, iniciadas ainda na década de 1960. Em 26 de abril de 1973, foi assinado o Tratado de Itaipu, instrumento legal para o aproveitamento do potencial hidráulico do Rio Paraná. Em maio de 1974, foi criada a empresa Itaipu Binacional, para construir e gerenciar a usina.

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