Como costuma acontecer desde 2014, quando as eleições se aproximam, a força-tarefa da Lava Jato, que andava meio sumida, voltou com tudo nesta sexta-feira _ contra o PT, é claro.
Sem fatos novos, requentaram uma delação de Monica Moura, aquela moça que masca chicletes quando é presa, mulher de João Santana, o ex-marqueteiro do partido.
Não por acaso, os alvos agora são os principais líderes do PT nesta disputa eleitoral: Fernando Haddad, que substitui Lula na campanha presidencial, e Dilma Rousseff, a ex-presidente que lidera a com folga a corrida para o Senado em Minas Gerais e fez Aécio Neves desistir de enfrentá-la.
A nova versão da delação da marqueteira, que acusa diretamente Dilma de negociar valores de caixa dois, fez a festa dos telejornais noturnos que a transformaram na principal manchete do dia.
A tabelinha Lava Jato-mídia sempre é acionada nestas horas em que os candidatos do sistema estão empacados nas pesquisas lideradas pelo PT.
Com Lula, mesmo preso há mais de 100 dias, liderando absoluto a disputa presidencial, podendo ganhar até no primeiro turno, as baterias se voltaram contra Fernando Haddad, oficializado há apenas cinco dias como vice, acusado por Monica Moura de ter recebido dinheiro de propina da Odebrecht para pagar as contas da sua campanha para a prefeitura de São Paulo.
Diante da nova ofensiva, o que o PT pode fazer, se o Judiciário claramente escolheu um lado nestas eleições para evitar que o PT volte ao poder depois do golpe de 2016?
Em nota, a direção do partido e Haddad acusam a Lava Jato de armar espetáculos contra o partido de olho nas eleições às vésperas do registro oficial da candidatura de Lula à Presidência da República, no dia 15. E fica tudo por isso mesmo.
Curioso que a mesma mídia não se pergunte que fim levaram os processos abertos pelos mesmos motivos contra os tucanos Geraldo Alckmin, o candidato do governo Temer e do Centrão, e o ex-presidenciável Aécio Neves, agora candidato a deputado por Minas.
Que fim levaram estes processos todos, com denúncias de contas na Suíça mantidas por Paulo Preto, o homem de Geraldo Alckmin e José Serra na Dersa, denunciado por Dilma já na campanha de 2010, e as gravações de áudio e vídeo de Aécio Neves tomando grana de Joesley Batista?
Alguém sabe a quantas andam as investigações sobre subornos pagos por multinacionais e empreiteiras nas grandes obras do governo paulista comandado pelo PSDB há 24 anos, no chamado Tucanistão?
Não se fala mais naquelas centenas de políticos delatados pela Odebrecht e outras empreiteiras, além de Joesley Batista, todos eles livres, leves e soltos fazendo suas campanhas pela reeleição para manter o foro privilegiado.
Nenhum até hoje foi sequer a julgamento.
Lula é o único candidato julgado, condenado e encarcerado por conta de um tal triplex no Guarujá que não provaram ser dele.
Tudo isso é tratado com a maior naturalidade, como fato consumado, nem se toca mais no assunto.
Se não bastasse esta aberração, agora querem também tirar Haddad e Dilma das eleições de 2018, para que os golpistas possam ganhar as eleições por WO, já que nas urnas perderam quatro eleições presidenciais seguidas e, até agora, não conseguiram emplacar um candidato competitivo.
Já nem disfarçam mais: tudo é feito à luz do dia, na cara dura, e ainda ficam repetindo que as instituições estão funcionando às mil maravilhas nesta democracia de fancaria, em que a eleição é decidida nos tribunais e não mais nas urnas.
Dá até vergonha.
Vida que segue.
Conversa afiada (Paulo Henrique Amorim)