Luz de lamparina para todos (O Amazonas que o turista não vê – Parte III)

A velha lamparina há séculos em ação

Segundo o professor do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Amazonas, José de Castro, toda a questão poderia ser resolvida com o fornecimento de óleo subsidiado como ocorre em Manaus para fazer gerar as usinas termoelétricas da Amazonas Energia

Se durante o dia as crianças do interior do Amazonas sofrem com a dureza inclemente do cabo do machado e da enxada na roça ou com a rudeza implacável do remo a maltratar as mãos por longas horas de viagem até a primeira escola, a noite os seus terrores se perdem na escuridão.

Quando o sol se põe, as famílias que não são contempladas pelo programa do governo federal “Luz Para Todos”, só escapam das trevas porque ainda podem contar com a luz da lamparina, utensílio usado na região desde o século 19.

Mesmo com tímidas tentativas do governo de mudar essa infeliz e interminável realidade, a maioria dos habitantes das comunidades ribeirinhas do Amazonas nunca tiveream acesso à a energia elétrica desde que vieram ao mundo.

O governo estadual chegou a instalar grupos geradores de 12 a 22 HP em centenas de comunidades, suficientes para atender a demanda de até 50 famílias, mas falta o diesel para funcionar as máquinas.

E quando tem, os motores de luz só funcionam poucos minutos – o tempo necessário para os ribeiros assistirem a programação de novelas da TV.

Nas comunidades ribeirinhas do Amazonas ninguém dispõe de recursos para aquisição do diesel.

As cotas de combustível prometidas pelos prefeitos do interior do estado dificilmente chegam às comunitários que precisam juntar tostão por tostão (quando têm) para fazer funcionar as máquinas chinesas.

“O óleo é caro. A gente não tem condições de comparar dez litros de oleio diesel para fazer o motor funcionar todas as noites. Quando a gente pode, a comunidade tem luz. Mas cinco dias depois acaba e a gente volta a ficar no escuro”, comenta o líder da comunidade do Pão, no Juruá, Almires do Nascimento, 27 anos.

Segundo o professor do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Amazonas, José de Castro, toda a questão poderia ser resolvida com o fornecimento de óleo subsidiado como ocorre em Manaus para fazer gerar as usinas termoelétricas da Amazonas Energia.

“A saída existe e não precisa de empresas para jogar energia no interior. Os próprios ribeirinhos, desde que tivessem combustível subsidiado, poderiam ficar com o serviço”, diz o professor, explicando que o subsídio concedido para a Eletronorte para manutenção das usinas de Manaus é da ordem de 70 a 80% em relação ao valor do diesel.

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