Mais de mil estudantes da rede pública foram ao teatro por meio do projeto “Mediação Cultural”, iniciativa que compõe a programação do 17º Festival de Teatro da Amazônia. Os alunos acompanharam os espetáculos apresentados no Teatro Amazonas, Teatro da Instalação e Largo de São Sebastião.
“A ‘Mediação Cultural’ é uma ação de sensibilização e mobilização de públicos que atua no sentido de potencializar a experiência estética dos espetáculos da programação do Festival de Teatro da Amazônia”, define Daniely Peinado, atriz e professora de Artes que coordena o projeto pelo segundo ano consecutivo. “Neste ano, atendemos 12 escolas, incluindo escolas rurais, estudantes da rede estadual e municipal de ensino”.
Daniely Peinado explica que o desenvolvimento do projeto se dá com os mediadores, que são estudantes do curso de Teatro da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com ações antes do espetáculo, nas escolas, durante as apresentações e, no pós-espetáculo, com análise da experiência.
“São muitas pessoas envolvidas para fazer o projeto acontecer e ele tem uma grande potência, porque é gratificante trazer pessoas que são daqui, moram aqui, mas nunca assistiram nada ou vieram ao teatro”, comenta a professora de Artes. “Para muitos estudantes, inclusive os adultos, é a primeira experiência com o teatro na vida, até mesmo conhecendo o Teatro Amazonas e o Teatro da Instalação”.
As atividades, conforme a coordenadora, aconteceram de segunda a quarta-feira e superaram as expectativas, uma vez que o projeto recebeu turmas extras, que foram aos espetáculos por conta própria.
“Quando vamos às escolas, as pessoas se sentem valorizadas e convidadas e conhecer nosso espaço e a expectativa é justamente essa, o acesso físico, pelo trânsito entre o centro – onde ficam os teatros – e as periferias, e o acesso simbólico, com a leitura da linguagem teatral”, comenta Daniely Peinado.
Ação pedagógica
Lyana Golvin é estudante do Curso de Teatro e atuou, pela segunda vez, como mediadora na programação do Festival de Teatro da Amazônia. Ela pontua que, esta edição, com a participação de crianças e adultos, também ampliou seu entendimento pedagógico sobre a mediação cultural.
“Esse ano foi diferente porque, porque foram mais escolas, eu tenho mais experiência e o trabalho foi realizado com perfis diferentes, da área rural, com crianças pequenas, do Ensino Fundamental e Ensino Médio”, afirma a aluna da UEA. “Foi muito bom acompanhar a reação deles em uma peça infantil, por exemplo, que fala de temas importantes. Afinal, não é porque é uma peça infantil que não gera um pensamento crítico em pessoas adultas e nos adolescentes”.
Entre as atividades, Lyana conta que acontecem bate-papo com o elenco após as apresentações e visitas aos teatros.
“Conseguimos ver o brilho nos olhos dos estudantes e eu espero ter contribuído para acender, no coração deles, uma faísca de amor pelo teatro, que eles consigam cultivar isso depois da mediação”, reforça.
Experiência
Fernanda Freitas, gestora da Escola Municipal Tereza Cordovil, localizada na área rural, destaca que, participar do Festival de Teatro com os alunos foi muito significativo, porque eles tiveram a oportunidade de conhecer o Teatro Amazonas.
“Alguns não sabiam que lugar era aquele e o mais importante, que foi assistir uma peça teatral, ter contato com os artistas de pertinho, ter novas experiências, aprender um pouco sobre o mundo artístico, desenvolver a criatividade e imaginação e, com tudo isso, tentar despertar, em cada um, sonhos e que todos são capazes de ir além”, avalia a diretora.
Para Maria Francisca Almeida, gestora do Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) Prof. Paulo Freire, a experiência de fazer uma atividade extraclasse é muito gratificante, principalmente por apresentar aos alunos ao que eles não estão habituados. Ela afirma que a escola abraça todas as oportunidades e parcerias para oferecer esses momentos aos estudantes.
“Nossos alunos, principalmente os que estudam à noite, chegam muito cansados de uma rotina diária de trabalho e se sentem desestimulados a atividades extraclasse. Mas muitas ideias foram mudadas na concepção dos alunos após assistir à peça com Denise Fraga, no Teatro Amazonas. Minha palavra é gratidão”, afirma a diretora.
O Festival de Teatro da Amazônia é viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura via Ministério da Cultura – Governo Federal: União e Reconstrução, apresentado pelo Nubank e organizado pela Federação de Teatro do Amazonas (Fetam), com apoio da Weg, do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, e da Prefeitura de Manaus via Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult).