A saúde no Amazonas já virou caso de polícia. Há cerca de um ano e dois meses, a Justiça do Amazonas mandou prender o secretário de Saúde, Wilson Alecrim, devido ao desespero de uma paciente do interior, portadora de câncer, que não conseguia acesso ao serviço para dar inicio ao tratamento da doença.
O problema, infelizmente, não se resume ao exemplo que resultou no pedido de prisão de Alecrim. Nem tampouco nas filas intermináveis nas portas das policlínicas e nos corredores superlotados dos hospitais e pronto socorros da cidade.
Hoje, mesmo, na manhã deste domingo, 21, um novo escandalo na área de saúde, dígno de inervenção policial, de CPI e outras cositas mas, como cadeia, por exemplo, atesta que o sistema não só está falido, mas, sobretudo, desmoralizado.
Um homem, recém-chegado em Manaus, morreu no aeroporto Eduardo Gomes e, por incrível que possa parecer, três horas depois o corpo da vítima continuava no mesmo local.
Tudo porque o Instituto Médico Legal (IML) não dispunha de uma única viatura para transportar do corpo para o órgão.
Uma vergonha, que merece, novamente, a intervenção da desembargadora Carla Maria Santos dos Reis, que em janeiro de 2013 mandou prender Alecrim.
Só à título de informação, no dia 5 de janeiro de 2013, Omar Aziz, então governador do estado, anunciou um aporte de recurso de R$ 2,035 bilhões para a saúde.
Aí, a pergunta que não quer calar: não deu para comprar pelo menos meia dúzia de viatura para evitar constrangimento, como o de hoje, aos valentes e heroicos servidores do Instituto Médico Legal?
Pelo visto não deu, a grana, certamente, era “pouca – logo não precisa de resposta alguma.
Não precisa de resposta porque a bandalheira institucionalizada da saúde no Amazonas é caso de polícia.
Agora se prepare para o pior, para uma verdadeira opereta de quinta categoria: segundo o perito Ilton Soares, o delegado da Polícia Civil Jardel Oliveira chamou o IML às 12h.
Na saída, os peritos perceberam que o veículo para a remoção estava quebrado, então rumaram para o local em outro veículo, chegando lá às 12h30”.
O homem “só foi encaminhado à sede do IML por volta das 14h, quando uma kombi do serviço municipal SOS Funeral foi ao local”.
Precisa dizer mais alguma coisa? Claro que não. Não é preciso.
O que é preciso é de muita vergonha na cara, lambida e deslada de muita gente mentirosa e assassina, que brinca com a boa fé do cidadão, ri de sua desgraça e festeja o caos com o melhor espumante.