“Se o Supremo ainda for o Supremo, minha decisão tem que ser obedecida”, diz Marco Aurélio

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, reforçou na tarde desta quarta-feira (19) que sua decisão de mandar soltar presos em segunda instância que ainda têm recursos para serem julgados em outras instâncias da Justiça deve ser respeitada.

“Se o Supremo ainda for o Supremo, minha decisão tem que ser obedecida”, disse ao portal G1.

A decisão, proferida através de uma liminar concedida a um pedido do PCdoB, pode beneficiar diretamente o ex-presidente Lula, que está preso desde abril mesmo ainda tendo recursos para serem analisados.

O advogado de Lula, Cristiano Zanin já pediu à Justiça de Curitiba a soltura do petista.

Sobre a possibilidade de algum juiz não respeitar sua decisão, Marco Aurélio disparou: “Vai ser um teste para a nossa democracia, para ver se as nossas instituições ainda são respeitadas”.

A liminar de Marco Aurélio se baseou no artigo 283 do Código de Processo Penal estabelece que as prisões só podem ocorrer após o trânsito em julgado, ou seja, quando não couber mais recursos no processo. Além disso, o artigo 5º da Constituição define que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

A maioria dos ministros do STF têm posição contrária à prisão antes do trânsito em julgado, mas a última presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, se negou a colocar o tema em análise, o que está previsto para abril. Marco Aurélio, então, decidiu conceder a liminar de maneira monocrática.

A procuradoria-geral da República pode vir a recorrer da decisão e o tema tará que ser analisado pelo plenário do STF.

Artigo anteriorRaquel Dodge recorre da decisão de Marco Aurélio que pode libertar Lula
Próximo artigoPolícia de Juruá detêm homens suspeitos de tráfico de entorpecentes