Seap admite que conduziu José Melo algemado e que fotos do ex-governador vazaram da CT

O juiz federal, Ricardo Sales, pediu explicação à direção da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) sobre duas fotos  do ex-governador José Melo, feitas  no Central de Recebimento e Triagem (CRT), que  circularam nas redes sociais, e sobre o uso de algemas para conduzi-lo à audiência de custódia no dia 26 deste mês.

Em resposta à solicitação do magistrado, a direção do Seap confirmou o vazamento das fotos, assim como o uso de algemas para conduzir José Melo.

Em nota divulgada neste sábado, 30, a  Seap disse que o uso de algemas foi uma providência adotada com o propósito de preservar a segurança do ex-governador que, segundo destacou, apresentava sinais de depressão e que, em função disso, poderia atentar contra a sua própria vida ou contra a integridade física.

Quanto ao  vazamento das fotos, a Seap admite a participação de dois funcionários que serão afastados de sua função.

Leia a nota na íntegra.

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informa que foi notificada pelo juiz federal, Ricardo Sales, para prestar esclarecimentos sobre vazamento de fotos do ex-governador, José Melo, durante procedimento na Central de Recebimento e Triagem (CRT) da Seap e sobre a condução do mesmo para Audiência de Custódia, no dia 26 de dezembro, onde na ocasião o ex-governador chegou algemado.

A Seap informa que, assim que tomou conhecimento da circulação de supostas imagens do ex-governador na CRT, instaurou processo de sindicância para apurar a veracidade das imagens e a responsabilidade sobre o vazamento. A portaria designou que a Comissão Permanente de Sindicância da Seap apresente relatório conclusivo das investigações no prazo de 30 dias.

Durante a apuração, que contou com o auxílio do Departamento de Inteligência Penitenciária (Dipen), foi apurado que as imagens são verídicas e identificada a participação de dois funcionários da empresa de co-gestão do sistema prisional, que assumiram a autoria do vazamento e a invasão ao banco de dados, onde constam todas as fotos de presos que dão entrada ao sistema prisional da capital.

A Seap oficiou a empresa co-gestora para que adote os procedimentos cabíveis de afastamento dos dois servidores das atividades laborais. A secretaria irá avaliar a legalidade para instaurar um processo sancionatório contra a empresa, para responsabilizar pelo ato de vazamento de informações internas do sistema prisional.

Com relação à escolta de José Melo até a Audiência de Custódia, a condução foi feita por uma equipe da Coordenação do Sistema Penitenciário (Cosipe). Devido ao horário que a mesma foi determinada, por volta das 20h, não estava disponível uma viatura padrão para transporte de presos com xadrez, tendo a escolta sido realizada em uma viatura descaracterizada da Seap, onde José Melo permaneceu o percurso todo no banco de trás do carro, junto com os agentes que o conduziam.

A Seap esclarece que seguiu o que determina a 11ª Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF), que limita o uso de algemas a casos excepcionais, que define que só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros. A necessidade de algemas é justificada mediante a 11ª Súmula, por ter sido uma providência tomada para resguardar a vida e garantir a segurança do ex-governador, que apresentava sinais de depressão, o que preocupou os agentes da Seap que tentaram evitar que José Melo cometesse uma autolesão, atentar contra a sua própria vida ou contra a integridade física de membros da equipe escolta.

A Seap ressalta que todos os questionamentos feitos à secretaria pela Justiça Federal serão esclarecidos dentro do menor tempo possível em documento apropriado.

Artigo anteriorAtletas favoritos da São Silvestre já estão em São Paulo
Próximo artigoÚltimo integrante do bando que matou soldado Portilho é preso; Índio e mais 15 participaram do crime