Brasileira presa nos EUA acusa ex-marido de abusar de filha de 6 anos

A brasileira Karla Janine Albuquerque, 43 anos, está presa desde o dia 16 deste mês no Texas, nos Estados Unidos, por ter descumprido uma ordem judicial. Em julho de 2011, a pernambucana se mudou com a filha Amy, hoje com 6 anos, da Flórida para o Texas, sem comunicar o Poder Judiciário, impedindo que o pai, o norte-americano Patrick Joseph Galvin, 53 anos, visitasse a menina.

A mãe da brasileira, a defensora pública aposentada Kátia Sarmento Martins de Albuquerque, conta que o casal está separado desde 2007, logo após o nascimento de Amy. “Ela se separou por causa da violência doméstica e tomou conhecimento que ele tinha problema com a Justiça”, explicou. Galvin faz parte de uma lista do Departamento de Polícia da Flórida como “sexual offenders”, que define alguém que comete ou estimula atos sexuais.

Além disso, a família acusa o ex-marido da filha de ter abusado sexualmente da menina. Em 2010, a criança fez queixas na escola e exames constataram que havia escoriações na área genital. “Após o processo por alimentos, ele ganhou o direito a buscar a criança duas vezes por semana e a levava para uma praia, onde praticava as libidinagens dele. Logo que minha filha tomou conhecimento fez a denúncia à Justiça. Neste momento, ela estava com extrema dificuldade de sobrevivência. Pensava em voltar para o Brasil, mas precisava da autorização dele para trazer a menina, o que nunca permitiu”, explicou.

Em julho de 2011, Karla começou a receber ligações e mensagens de Galvin informando que o processo criminal de abuso sexual contra ele havia sido arquivado e que ele iria buscar a filha. “Recebendo as mensagens e sabendo das coisas que tinha acontecido, como ela iria entregar a filha para uma pessoa abusar? Ela foi na polícia, mostrou as mensagens e perguntou ao policial: ‘isso é normal’? E ele disse que não era. ‘Está vendo o que vai acontecer? Vou fugir e levar minha filha daqui’. Ela não podia levar a filha sem comunicar a polícia, mas ela não comunicou e saiu sem destino”, contou a mãe da brasileira.

Kátia conta que a filha se estabeleceu com a neta no Texas, em uma cidade na fronteira com o México. “Ela ficou lá de julho de 2011 até o dia 16 de de janeiro deste ano, tempo suficiente para a criança se fortalecer. Chegou na cidade, procurou a igreja, que deu todo o amparo e proteção porque ela tinha toda a documentação dos processos de violência doméstica. Começou uma vida nova”, disse. “Ela não é uma jovenzinha brasileira que procurou um velhinho rico. Ele não é rico. Ele é um homem de classe média americana. Ele é um técnico de refrigeração”, salientou a defensora pública aposentada sobre acusações que a filha teria se casado por interesse.

Prisão
Ao procurar assistência médica no último dia 16, Karla foi detida. Um homem falando em espanhol ligou para a mãe em Pernambuco informando sobre a prisão por causa do descumprimento da ordem judicial. Na terça-feira, ocorreu uma audiência no Texas. A irmã mais nova de Karla, Karine, que também mora nos Estados Unidos e tem cidadania norte-americana, participou da audiência. “Ela foi agregida fisicamente e moralmente na saída pelo advogado dele (Galvin). Levou uns empurrões. Ele chegou lá no dia seguinte à prisão da minha filha e imaginou iria chegar lá e levar a minha neta. Só que a Justiça no Texas é diferente”, ressaltou Kátia.

De acordo com ela, a criança deverá ficar provisoriamente com um casal norte-americano amigo da família que mora no Texas. A definição deve ser tomada na próxima quarta-feira. Paralelamente, a família faz campanhas para arrecadar recursos para o pagamento das custas processuais. O auxílio pode ser dado por meio da página criada no Facebook ou por doações na conta 0174551-4 da agência 3201-8 do banco Bradesco em nome de Kátia Sarmento Martins de Albuquerque.

“Estamos aguardando o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil porque sou advogada inscrita regularmente na OAB, aguardando que aja doações dos fundos que nós criamos para pagar o advogado que está acompanhando o caso, e fazendo tudo o que o mais que for possível”, completou.

O caso também é acompanhado pelo Itamaraty, que mantém contato com Karla no presídio onde está detida e com o seu advogado. A assessoria do órgão brasileiro, no entanto, adiantou que o processo é complexo e não permite uma resolução rápida.

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