Após mencionar estupro, Bolsonaro diz ter colocado ‘Maria do Rosário em seu devido lugar’

Terça-feira, 9 de dezembro, véspera do Dia Internacional dos Direitos Humanos, Câmara dos Deputados, Brasília: “Fica aí, Maria do Rosário. Fica aqui para ouvir. Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei: ‘Não estupraria você porque você não merece’.”

Horas depois de dirigir estas palavras à deputada e ex-ministra da secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário (PT-RS), o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) reiterou o discurso pelo Twitter: “Após mentir sobre o período militar, Bolsonaro coloca Maria do Rosário em seu devido lugar”.

A frase chamava seus seguidores para o vídeo publicado pelo perfil de Bolsonaro no YouTube com o seguinte título, escrito em maiúsculas: “BOLSONARO ESCOVA MARIA DO ROSÁRIO”. As imagens mostram seu discurso, feito em Sessão Plenária, em Brasília.

As declarações causaram indignação nas redes e o termo Rosário virou um dos dez tópicos mais comentados pelos brasileiros no Twitter.

Cassação

Pelo Facebook – até a publicação desta reportagem – 4,3 mil pessoas haviam confirmado presença num evento intitulado “Cassem o Bolsonaro – #CassaçãodoBolsonaroJá! #EleNãoNosRepresenta”.

Na página, os organizadores chamam a sociedade a “dar uma resposta ao Deputado Federal Bolsonaro pelo TWITTER”. A ideia é criar um tuitaço às 11h desta quarta-feira, com as hashtags #CassaçãodoBolsonaroJá!, #BolsonaroNinguémMerece e #DeputadosCassemBolsonaro.

Outra página (http://bbc.in/1vDFX6F), criada pelo jornalista Nelson Neto, pela advogada da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Irina Karla e pela professora Mila Grossi, propõe uma denúncia coletiva pela cassação do deputado.

“É a segunda vez que o parlamentar do PP agride a Deputada Maria do Rosário com esse tipo de discurso, que incentiva a cultura do estupro. A primeira foi em 2003, quando ambos também eram congressistas”, afirmou Neto à reportagem.

A ideia é enviar um abaixo-assinado registrando a queixa para a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, a Ouvidoria da Mulher, a Procuradoria Geral da República e o Presidente da Câmara dos Deputados.

Criada na terça-feira por volta das 19h, a denúncia coletiva contava, até o fechamento desta reportagem, com 168 assinaturas.

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