RFI – De Sidney a São Paulo, passando por Nova Délhi e Paris, milhares de crianças e adolescentes saem às ruas nesta sexta-feira (20) pela Greve Global Pelo Clima, que promete ser um dos maiores protestos a favor do meio ambiente já organizados. A iniciativa é liderada pela ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que está em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU, na próxima semana.
No total, mais de cinco mil eventos da mobilização conhecida como “Fridays for Future” (“Sextas-feiras pelo Futuro”) estão programados em todo o mundo. A expectativa é que a maior manifestação seja realizada em Nova York, com a presença de mais de um milhão de estudantes.
Em Paris, uma marcha é realizada na tarde desta sexta-feira, saindo da Praça de La Nation, no leste da capital francesa. No total, 56 organizações e associações ambientais convocam os jovens a saírem às ruas em toda a França.
Na Alemanha, pela primeira vez desde o início do movimento “Fridays for Future”, os protestos são convocados não apenas por organizações juvenis, mas também por sindicatos e ONGs. Mais de 500 atos estão previstos em todo o país.
No Brasil, a Greve Global Pelo Clima é realizada em cidades de todas as regiões, incentivada pela Coalizão pelo Clima, da qual fazem parte 70 coletivos. No total, 18 Estados brasileiros confirmaram a realização de manifestações.
“Não estamos fugindo, estamos lutando”
Os primeiros a ocuparem as ruas nesta sexta-feira foram crianças e adolescentes das ilhas Vanuatu, Salomão e Kiribati, territórios ameaçados pela elevação do nível do mar devido ao aquecimento global. Nestas ilhas, as crianças e jovens estudantes cantaram “não estamos fugindo, estamos lutando”.
Um pouco mais tarde foi a vez de jovens australianos protestarem em Sidney, Melbourne e dezenas de outras cidades. “Estamos aqui para mandar uma mensagem aos poderosos, aos políticos, para lhes mostrar que estamos preocupados e que isto é realmente importante para nós”, disse Will Connor, um adolescente de 16 anos de Sidney.
Atos também são realizados em Nova Délhi e Mumbai, na Índia. Nas Filipinas, dezenas de milhares de pessoas participam de manifestações e marchas, neste arquipélago gravemente ameaçado pela elevação do nível dos oceanos. Em Palangkaraya, na Indonésia, jovens desfilaram na espessa fumaça dos incêndios que devastam as florestas do país.
Iniciativa de Greta Thunberg
Na véspera da greve, Greta Thunberg, adolescente sueca de 16 anos que se tornou a líder do movimento, reafirmou que há soluções que estão sendo “ignoradas”, e pediu que os mais jovens tomem a iniciativa contra o aquecimento global. “Tudo conta, o que você faz tem importância”, disse em mensagem ao seu exército de seguidores.
Thunberg chegou na semana passada a Washington, onde manteve uma agenda lotada. A adolescente se encontrou com o ex-presidente Barack Obama, que a saudou como “uma das maiores defensoras do nosso planeta” e recebeu um prêmio de “embaixadora da consciência” da Anistia Internacional.
Na quarta-feira (18), diante de uma audiência conjunta de dois comitês da Câmara, sua mensagem foi simples, mas contundente. “Eu não quero que vocês me escutem, quero que escutem os cientistas”, disse. Na próxima semana, a jovem sueca participa da Assembleia Geral da ONU.