Ianomâmis transmitem experiências de artesanato e pintura a estudantes da UEA

Estudantes de teatro e de pedagogia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) trocaram a sala de aula convencional por uma tarde de aprendizado sobre artesanato e pintura Ianomâmis com 12 mulheres indígenas. A oficina faz parte da programação do ‘Suwë Pë Kõkamôu: Arte, Cultura e Articulação de Mulheres Indígena’ realizada na tarde desta sexta-feira (7), no Espaço Cultural do Museu da Amazônia (Musa), localizado no Largo de São Sebastião, Centro de Manaus.

A indígena Margarida Goes Pereira, de 59 anos, disse estar feliz pela experiência. “Gostamos de mostrar o que fazemos e queremos que elas (as mulheres brancas) aprendam como fazemos o nosso artesanato. Gosto de mostrar como as Ianomâmis trabalham para ganhar o seu dinheirinho”, explicou. Das 12 indígenas convidadas, oito estiveram pela primeira vez em Manaus e seis delas falam somente a língua Ianomâmi. As Ianomâmis são da região de Maturacá, distante 150 quilômetros do município de São Gabriel da Cachoeira.

O aluno do 9º período de pedagogia da UEA, Rodrigo Tabosa de Souza, explicou que neste período faz uma disciplina de educação indígena e estuda Antropologia. “Faz parte da minha vida porque quando era criança a minha mãe tinha um sítio que ficava próximo a uma comunidade indígena e será importante nessa fase da faculdade”, observou.

O coordenador do Diretório de Pesquisa Tabihuni CNPq da UEA, Luiz Davi Gonçalves, destacou que lutou para isso acontecer por acreditar na integração do indígena e não indígena. “Percebemos que, mesmo aqui na cidade e inseridos na Amazônia, existe uma barreira muito doída para quem tem interesse sobre as questões indígenas. O evento vem para quebrar isso. O artista perguntando as questões ligadas às expressões corporais e o antropólogos ligados com cosmologia sobre os métodos de trabalhos”, enfatizou o professor.

A programação segue nesta sexta-feira com a mesa redonda ‘Tecendo histórias: mulheres indígenas agentes de sua cultura, economia e articulações política’, composta por indígenas de várias etnias da Amazônia. (Tikuna, Macuxi, Dessana, Baré, Tucano, Tariano, Witota e Yanomami).

A professora do Departamento de Artes Cênicas da Unicamp Dra. Verônica Fabrini, avaliou que a nossa missão é entender qual cultura estamos inserida. “A cultura nunca é separada da pessoa que produz. Uma coisa é você aprender em livro, outra é a própria pessoa explicando. Acredito muito que em questões de diversidade a presença física, a troca de experiências de saber é muito importante. É um prazer muito grande estar aqui”, destacou.

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