Instituições demoram a reagir a ameaças de Bolsonaro, alerta Haddad

Após a declaração da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, neste domingo (21), mostrando pouca efetividade diante da denúncia de caixa dois e disseminação de Fake News a favor de Jair Bolsonaro (PSL), o candidato Fernando Haddad (PT) chamou a atenção e disse que as instituições não estão respondendo às verdadeiras ameaças à democracia.
Neste domingo, o TSE realizou a esperado coletiva de imprensa para se posicionar sobre as recentes acusações de compra de empresários por serviços de disseminação de Fake News contra o candidato do PT e a favor de Bolsonaro. Entretanto, as respostas não corresponderam às expectativas das denúncias.
A ministra Rosa Weber admitiu que as Fake News são uma preocupação, mas minimizou o poder de atuação do Judiciário ao afirmar que o problema é mundial e que não há “milagre”. Também disse que a investigação contra a denúncia tramitará, mas em segredo de Justiça, e não se aprofundou a respeito.
Abordando de maneira generalizada, Weber não mostrou a preocupação da Corte Eleitoral pela velocidade na apuração e disse que “gostaria imensamente que houvesse uma solução pronta e eficaz”, mas que, “de fato, não temos”. Tentou frisar que o TSE estaria atento a casos de Fake News, mais uma vez, falando de modo geral, mas que a resposta da Justiça virá em seu tempo, que nem sempre coincide “com a velocidade que a sociedade quer”.
Denúncia PDT
Da mesma forma, o TSE também está encaminhando a ação apresentada pelo PDT, que solicita a cassação do mandato de Jair Bolsonaro, com base nas acusações de caixa dois, financiamento ilícito de campanha e Fake News, mas decidiu negar todos os pedidos do partido de liminar.
Por enquanto, o ministro Jorge Mussi, corregedor do TSE que é relator do caso, somente abriu o prazo para a defesa de Bolsonaro se manifestar. Entre os pedidos do PDT, o de que Bolsonaro e o vice de sua chapa, Hamilton Mourão, fiquem impedidos de veicular qualquer notícia por meio de sua rede social, principalmente o WhatsApp, foram negados.
E não apenas estes dois episódios marcaram o fim de semana. As declarações de Bolsonaro durante um ato de campanha na Avenida Paulista e as afirmações de seu filho, Eduardo Bolsonaro, em um vídeo que informava que bastava “um soldado e um cabo para fechar o Supremo Tribunal Federal”, alertaram Haddad.
Ameaças de Bolsonaro e de filho
O presidenciável do PT afirmou que as instituições não estão reagindo à altura das ameaças contra a democracia. Durante o ato em São Paulo, um vídeo de Bolsonaro foi transmitido, dizendo que, se eleito, irá “varrer do mapa os bandidos vermelhos do Brasil”. “Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora ou vão para a cadeia”, acrescentou o candidato do PSL, na transmissão.
“Ontem, o discurso dele transmitido na [Avenida] Paulista é um absurdo. Ele ameaça a sobrevivência física da oposição a ele, ameaça a imprensa, e as instituições demoram a reagir”, manifestou-se Haddad, preocupado.
O candidato também alertou sobre os efeitos da manifestação do deputado Eduardo Bolsonaro, em que insinua fechar o Supremo. “Nós vamos correr riscos inclusive físicos se nós não alertamos o país que a oposição, jornalistas, juízes, estão sendo ameaçados antes do pleito terminar. Se ele tem a coragem de ameaçar a democracia antes das eleições, o que ele fará com o apoio dos eleitores?”, questionou.
TSE: “O que está se esperando?”
Para Haddad, ainda é necessária uma posição mais firme do TSE sobre as denúncias de caixa dois e financiamento ilícito contra Bolsonaro, divulgadas por reportagem da Folha de S.Paulo na última semana.
“Se todo mundo sabe que houve fraude no primeiro turno com dinheiro sujo de caixa 2 para bombardear as redes sociais com mensagens falsas, o que está se esperando?”, perguntou, sem entender.
Na opinião do presidenciável, o TSE está coagido e deve se sentir ameaçada, em referência à presença do general Sérgio Etchegoyen, ao lado da presidente do TSE, durante a coletiva: “As instituições estão se sentindo ameaçadas, inclusive pela linha dura de parte das Forças Armadas. O que o Etchegoyen tinha que dar entrevista ao lado da Rosa Weber? Quem é ele? Que autoridade ele tem no Tribunal Superior Eleitoral? Ele foi se colocar como uma ameaça? Tutelar? Isso nunca aconteceu”, completou.
Outra Fake News
Por fim, o candidato também desmentiu, nesta segunda, mais uma Fake News espalhada contra ele nos últimos dias. A notícia falsa, desta vez, é que supostamente Haddad teria jogado no lixo uma Bíblia que teria ganhado de presente, durante um ato em Fortaleza.
O candidato contou que ganhou a Bíblia de um estudante da Unilab como agradecimento por ter criado a Universidade de Redenção. O presente foi entregue aos seus assistentes, que a colocaram em uma sacola, que foi roubada.
“O celular do assessor também foi furtado na mesma ocasião. E agora aparece essa Bíblia na mão de um deputado do Bolsonaro, dizendo que encontrou a bíblia no lixo. Que história é essa?”, questionou o presidenciável.
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