Médicos contestam suposto convênio Ufam x PS 28 de Agosto e dizem que Residência Médica desde 2010 é “Frankstein”

“Quem cala consente”. É o que ensina a sabedoria popular, pisada e repisada por nossos avós, bisavós e tataravós que, nos tempos idos, repreendiam – ralhavam fica melhor, não é mesmo? – os seus descendentes com outra forte e sábia expressão: “menino, estás a fazer ouvidos de mercador?”

Pois é.

Na edição do dia 17 de março deste ano, para ser bem didático, o site trouxe à opinião pública uma espécie de aberração acadêmica instituída sem eira nem beira no Pronto-Socorro 28 de Agosto desde 2010: “Cursos de Residência Médica da Ufam funcionam clandestinamente no PS 28 de Agosto”.

Lei aqui

Para entender melhor a história, o site procurou o reitor da Universidade do Amazonas (Ufam), Sylvio Puga, e o diretor do Hospital Universitário Getúlio Vagas (HUGV), Júlio Mário.

O que aconteceu?

Sylvio Puga e Júlio Mário, como quem consente e faz ouvidos de mercador, calaram.

Puga pediu para que fosse procurar o médico Júlio Mário por entender que, ele, seria a pessoa ideal para fornecer a resposta.

Júlio Mário não deu a mínima, apesar da insistência do site.

Outros pedidos foram feitos para os mesmos – à exceção de Puga que transferiu a “peteca” para Júlio – e outros personagens, à exemplo da assessoria de comunicação do PS 28 de Agosto e Agecom.

Seria enfadonho tratar, aqui, do empurra-empurra. Mas dá para imaginar, não é mesmos?

Finalmente, veio, então, a resposta da Agecom -, tímida, seca, cheia de divagações, escrita diretamente no editor do Whatsapp, sem o papel timbrado do governo e sem a necessária assinatura do emissor.

“A direção do Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto informa que não existe qualquer irregularidade na recepção de residentes da UFAM.
O termo de convênio nr.005/2017 foi celebrado entre Susam e Fundação (sic) Universidade do Amazonas para atividades práticas dos residentes do programa multiprofissional e área profissional em saúde e programa de residência médica do Hospital Universitário Getulio Vargas”.

“A direção do Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto informa que não existe qualquer irregularidade na recepção de residentes da UFAM.

O termo de convênio nr.005/2017 foi celebrado entre Susam e Fundação (sic) Universidade do Amazonas para atividades práticas dos residentes do programa multiprofissional e área profissional em saúde e programa de residência médica do Hospital Universitário Getúlio Vargas”.

Bom… pelo menos o texto não é ruim, apesar de lacônico e sem as informações que ateste, com decretos, portarias, etc. e tal, a legalidade do Curso de Residência Médica no PS 28 de Agosto.

Faltou o documento do Ministério da Educação (MEC) validando o Curso de Residência Médica nas áreas de Anestesiologia, Cirurgia e Tratamento Intensivo no PS 28 de Agosto em funcionamento desde 2010; o documento do Ministério da Educação (MEC) reconhecendo o PS 28 de Agosto como Hospital Escola; a Portaria do MEC instituindo comissão para avaliar suporte técnico do PS 28 de Agosto para funcionar como Hospital Escola e a cópia do termo de convênio nr.005/2017, celebrado entre Susam e Fundação Universidade do Amazonas para atividades práticas dos residentes.

Nada disso os judiciosos representantes da Ufam, HUGV, PS 28 de Agosto e Agecom colocaram à disposição, como manda a lei, da redação do site, embora insistentemente solicitados.

Qual o segredo que escondem Sylvio Puga, Júlio Mário, o diretor do PS e a Agecom sobre a Residência Médica clandestina da Ufam mantida no Pronto-Socorro 28 de Agosto?

“Até agora nenhuma providência do Reitor da UFAM sobre a Residência Frankstein. Esta semana, os residentes ficaram sem o preceptor, ou seja, ao invés de estarem em um Hospital Escola (HUGV), com preceptores de todas as áreas afins, ficam “isolados” na ilha 28 de Agosto”, critica um dos médicos contrário à residência clandestina.

“Não existe em nenhuma parte do Planeta Residência Médica com um único preceptor”, destaca um outro médico em clara alusão ao preceptor, único, diga-se de passagem, contratado pela Ufam e em atividade no PS.

Quanto ao termo Frankstein usado pelos médicos para definir a Residência Médica no PS surgiu pela inexistência de atividades regulamentadas no Programa Nacional de Residência Médica em Terapia Intensiva, como visitas à beira leito multidisciplinar; discussão de casos clínicos com os residentes; seminários dos principais quadros sindrômicos em terapia intensiva e seus diagnósticos diferenciais; rodízio dos residentes nas diversas especialidades, entre outros.

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