Ministério da Saúde foi alertado em maio para falta de medicamentos

Um trabalhador de laboratório é visto no Departamento de Diagnóstico Laboratorial, que realiza testes de diagnóstico de coronavírus no Centro Wielkopolska de Pneumologia e Cirurgia Torácica em Poznan, Polônia em 3 de março de 2020. Foto tirada em 3 de março de 2020.

O Ministério da Saúde foi alertado, em maio de 2020, de que o Brasil poderia ter falta de medicamentos usados nas UTIs em pacientes com covid-19 —doença causada pelo novo coronavírus. Mesmo assim, decidiu investir na compra de cloroquina e hidroxicloroquina (fármacos que não têm eficácia comprovada contra a doença) e, agora, tem mais de 4 milhões de comprimidos em estoque.

As informações estão em atas de reuniões do COE (Comitê de Operações de Emergência), obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo. O comitê é formado por técnicos especializados em emergências de saúde pública. Entre os orgãos com representantes no COE estão o Ministério da Saúde, a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Instituto Evandro Chagas.

Técnicos do comitê alertaram em 25 de maio o Ministério da Saúde dos perigos de comprar muitas unidades de cloroquina. O COE argumentou que o protocolo de saúde poderia mudar e o Brasil ficaria com esse estoque parado. Cinco dias antes, a pasta da saúde publicou documento orientando o uso da cloroquina mesmo em casos leves de covid-19. No mesmo dia da reunião, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, disse que o governo estava “tranquilo e sereno” sobre a orientação para uso da cloroquina associada à azitromicina, mesmo depois da OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciar mais cedo a suspensão dos testes com o remédio.

O protocolo brasileiro não mudou, mas a ata de uma reunião de julho mostra que existem 4 milhões de comprimidos em estoque. Mais 1,4 milhão devem ser devolvidos ao governo por Estados que não quiseram receber o medicamento. Na reunião de 19 de junho, técnicos do COE demonstraram preocupação com o que fazer com a quantidade de cloroquina que seria enviada ao Brasil pelos Estados Unidos.

Na reunião de 25 de maio, o COE ainda falou da preocupação com o baixo estoque de sedativos e analgésicos usados na intubação de pacientes. A pasta se juntou aos Estados e municípios para a compra desses medicamentos 1 mês depois desse alerta.

O Ministério da Saúde disse ao Estadão que a Anvisa não mostrou falta de insumo para fabricação de medicamentos e que a divulgação destes dados cabe à agência. Afirmou ainda que a prescrição de medicamentos é de responsabilidade do médico.

BOLSONARO DEFENDE CLOROQUINA

O presidente Jair Bolsonaro é defensor do uso da cloroquina no tratamento da covid-19. Desde que foi confirmado que estava com a doença, em 7 de julho, ele diz que está se tratando com o medicamento e afirma “que deu certo comigo”. O governo informou nesta 4ª (22.jul.2020) que o presidente testou positivo pela 3ª vez. O chefe do Planalto foi visto na tarde desta 5ª (23.jul) mostrando uma caixa da medicação para as emas criadas no Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente.

Bolsonaro aposta na cloroquina desde que a pandemia foi declarada. Ele orientou, em março, que o Exército aumentasse a produção do medicamento. Disse que o medicamento está dando certo em tudo quanto é lugar”. O uso da cloroquina no tratamento da covid-19 foi tema de embate entre o presidente e os agora ex-ministros da saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.

Em julho, a A OMS (Organização Mundial da Saúde) decidiu de forma definitiva retirar a hidroxicloroquina de seus testes realizados em hospitais pelo mundo.

Fonte/Poder360

 

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