Moro diz que não perseguiu Lula e assume agenda bolsonarista

Embora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha sido arrancado do processo eleitoral quando liderava todas as pesquisas em razão de uma condenação contestada por juristas do Brasil e do mundo, o juiz Sergio Moro, futuro ministro da Justiça, afirma que a condenação da principal liderança popular do País não teve nenhuma relação com as eleições. Ele disse que levará a Brasília Moro o método e vários nomes da Operação Lava Jato.

“O que existe um crime que foi descoberto, investigado e provado e as cortes apenas cumpriram a lei. Não posso pautar minha vida num álibi falso de perseguição política”, disse Moro em coletiva de imprensa nesta terça-feira (6) em Curitiba (PR). “É um pouco estranho dizer isso, mas não existe a menor chance de usar o ministério para perseguição política”, afirma Moro, acrescentando que crimes de ódio são “intoleráveis”.

Lula foi condenado no processo do triplex em Guarujá (SP), uma sentença contestada por vários juristas. Inclusive, o próprio Ministério Público Federal admitiu que não havia “prova cabal” de que o ex-presidente era o proprietário do apartamento. Outro detalhe é que, a menos de uma semana do primeiro turno da eleição presidencial, o magistrado liberou a delação premiada do ex-ministro Antônio Palocci. Vale ressaltar, ainda, que o juiz recebeu o convite para ser ministro ainda durante a campanha eleitoral.

Moro também defendeu a flexibilização da legislação sobre armas, bandeira defendida na campanha do presidente eleito Bolsonaro. O juiz disse, no entanto, que “uma flexibilização excessiva pode ser utilizada como armamento para organizações criminosas. Tem que pensar quantas armas o indivíduo poderá ter em sua casa”.

Ao comentar os confronto entre policiais e criminosos, Moro disse que, “embora a estratégia policial não seja o confronto, temos que entender que o confronto é uma possibilidade”. Ele dá exemplo de pessoas que vivem em comunidades dominadas pelo tráfico de drogas. “A estratégia tem que [ser] evitar qualquer espécie de confronto. Havendo confronto, tem que discutir”. Ele entende que a lei já contempla essas situações, mas abre possibilidade de discussão. “Tem que ser avaliado se é necessário uma regulação melhor”, complementou.

O futuro ministro também disse não ser “consistente” tratar movimentos sociais como “terroristas”, o que não significa que sejam “inimputáveis”. O presidente eleito Jair Bolsonaro defendeu na campanha tipificar como ações terroristas invasões de propriedades privadas, como o MTST e o MST. Brasil 247

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