ONU diz que há 65,3 milhões de refugiados em todo o mundo

O total de pessoas deslocadas – homens, mulheres e crianças forçadas a deixar suas casas em razão da guerra ou de perseguições – chegou em 2015 a 65,3 milhões em todo o mundo, entre homens, mulheres e crianças, informou hoje (20) a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Trata-se da maior crise de refugiados e migração desde a Segunda Guerra Mundial.

O dado faz parte do relatório Tendências Globais, que registra o deslocamento forçado de populações ao redor do mundo com base em dados dos governos, de agências parceiras e da próprio Acnur. O documento foi divulgado pela Acnur por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, celebrado hoje.

O relatório Tendências Globais, da Acnur, informa que, dos 65,3 milhões de refugiados existentes em 2015, 3,2 milhões se encontravam em países industrializados aguardando solicitações de refúgio. Cerca de 21,3 milhões de refugiados estavam em outras regiões ao redor do mundo e 40,8 milhões foram forçados a fugir de suas casas, mas continuam dentro das fronteiras de seus próprios países.

Celebração

Para celebrar a data, várias programações para ajudar a conscientizar a população mundial sobre os problemas dos refugiados estão sendo organizadas em todo o mundo. A cúpula do Departamento de Estado dos Estados Unidos participará hoje de eventos nas cidades de Baltimore, Washington, Nova York e Nova Jersey, destinados a homenagear a contribuição que os refugiados deram à economia e à cultura norte-americana.

A agenda do secretário de Estado norte-americano John Kerry prevê hoje, à noite, em Sterling, Virgínia, encontro com integrantes da Sociedade Muçulmana, uma entidade que se dedica a promover ajuda para refugiados vindos dos países muçulmanos. Na reunião, estará presente a atriz Angelina Jolie Pitt, que atua também em projetos em favor dos refugiados.

Exposição intitulada Refugiados será aberta hoje à noite na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, com a presença do secretário-geral Ban Ki-moon.

A exposição, montada com o objetivo de chamar a atenção do mundo para o problema dos refugiados, inclui uma seleção de imagens feitas por jovens perseguidos em seus países. O fotógrafo norte-americano Brian Sokol, que se dedica fotografar refugiados da Síria, República Centro Africano, Sudão e Mali, terá trabalhos exibidos na mostra. O fotógrafo sueco Magnus Wennman, que acompanha crianças refugiadas sírias nos países vizinhos ou fazendo o seu caminho pela Europa, também terá trabalhos exibidos na ONU.

A exposição também inclui Nuvens Sobre Sidra, um vídeo de realidade virtual que transporta os visitantes para um campo de refugiados na Jordânia. Quem assiste ao vídeo se sente como um refugiado.

A Organização Não Governamental (ONG) Médicos Sem Fronteira divulgará hoje, em diversos países, informações sobre a assistência que a entidade está dando aos refugiados em termos nutricionais ou psicológicos. “Ajudamos a montar hospitais em campos de refugiados, acompanhamos e ajudamos mulheres a darem à luz com segurança, vacinamos crianças e fazemos programas para prevenir epidemias e garantir acesso à água potável”, informou a ONG.

Tendências

Segundo o documento Tendências Globais, da Acnur, na maioria das regiões do mundo o deslocamento forçado tem aumentado desde meados da década de 90. Mas este crescimento se acentuou ao longo dos últimos cinco anos. Há pelo menos duas razões que explicam esta tendência: a) situações que causam grandes fluxos de refugiados estão durando mais (por exemplo, conflitos na Somália ou no Afeganistão estão agora em sua terceira e quarta décadas, respectivamente); b) novas ou antigas situações dramáticas estão ocorrendo frequentemente (o maior conflito atual é na Síria).

Europa

Ainda segundo a ONU, apenas 14% dos refugiados procuraram refúgio na União Europeia, contra 86% que estão em países de baixos e médios rendimentos fora da UE.

A Turquia, junto com o Paquistão e o Líbano, está à frente no ranking de países que mais refugiados acolheram temporariamente em 2015. Ao longo do ano, a Alemanha voltou a encabeçar a lista de países que mais pedidos de asilo aceitou, seguida dos Estados Unidos e da Suécia.

Na últimas semanas, Portugal, por exemplo, recebeu mais de 300 refugiados provenientes da Grécia e da Itália, através do programa de recolocação da União Europeia. O acolhimento dessas pessoas faz parte do compromisso assumido pelo país de receber pelo menos 4.500 refugiados até o final do ano que vem.

A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), organização de entidades da sociedade civil em Portugal, lançou hoje um comunicado em que afirma que, através da plataforma, o país já recebeu 28 famílias, com 125 pessoas no total, das quais 66 são crianças, acolhidas em várias cidades do país.

“Nas próximas semanas vão continuar a chegar crianças e suas famílias, em número considerável. Temos por isso que ativar todas as capacidades de acolhimento e mesmo aumentar o número de instituições anfitriãs capazes de cumprir este gesto solidário”, diz o comunicado.

Segundo o coordenador da plataforma, Rui Marques, ao longo dos últimos meses, mais de 300 organizações portuguesas e 8 mil voluntários se mobilizaram no país em solidariedade aos refugiados. Há, atualmente, seis voluntários da organização na Grécia, em Lesbos e Atenas, apoiando refugiados mais vulneráveis.

Rui Marques ressaltou a importância da campanha “E se fosse eu?”, feita no dia 6 de abril, quando dezenas de milhares de estudantes do ensino fundamental e médio refletiram sobre como é ser refugiado. E lembrou que amanhã (21) haverá um concerto solidário no Teatro Thalia, em Lisboa. O show de Ana Stillwell, intitulado Take my Coat, terá toda a arrecadação destinada ao programa da PAR na Grécia.

Artigo anteriorImpeachment: Senado ouve testemunhas de defesa pela segunda semana consecutiva
Próximo artigoEm Novo Airão, dupla de assaltantes é presa por tentar arrombar caixa eletrônico