Mourão diz que anulação do júri da Kiss não é correta “moralmente”

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) comentou, na manhã desta quinta-feira (4/8), a anulação do julgamento do caso da Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Para o general, que é pré-candidato ao Senado pelo estado, apesar de ter sido uma decisão “tecnicamente correta”, ela foi “moralmente” incorreta.

“[É um] tema controverso, pois de acordo com os juristas é correta tecnicamente, mas não moralmente, pois não há dúvida sobre a realidade dos fatos ocorridos” disse Mourão ao Metrópoles.

A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), decidiu anular, na quarta-feira (3/8), o júri que condenou os quatro réus processados pela tragédia. Com a decisão, as prisões foram revogadas e um novo júri deve ser marcado. Dos três desembargadores da Corte, dois votaram a favor das nulidades.

A defesa argumentou que o juiz responsável pela decisão e que definiu as penas, Orlando Faccini Neto, agiu de forma parcial, que houve excesso de linguagem e quebra da paridade de armas entre acusação e defesas no uso de uma maquete digital pelo Ministério Público.

Os quatro acusados pela tragédia da Boate Kiss em Santa Maria (RS), que aconteceu em 27 de janeiro de 2013, e deixou 242 pessoas mortas e outras 636 feridas, foram soltos algumas horas após a decisão, por volta das 23h de quarta-feira.

Casa noturna tradicional de Santa Maria, cidade de quase 300 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul, a Boate Kiss recebeu centenas de jovens em 27 de janeiro de 2013. Estavam previstos dois shows ao vivo.

O primeiro foi de uma banda de rock e aconteceu normalmente. Depois, foi a vez da Gurizada Fandangueira. A casa tinha capacidade oficial para 690 pessoas e estava superlotada: tinha entre 800 e mil pessoas.

O guitarrista da banda, Rodrigo Lemos, relatou desde o início que o fogo começou depois que um sinalizador foi aceso. Ele disse que os colegas de banda logo tentaram apagar o incêndio, mas que o extintor não teria funcionado. Um dos integrantes da banda, o gaiteiro Danilo Jaques, morreu no local.

Naquela trágica noite, as faíscas do sinalizador atingiram o teto revestido de uma espuma que servia como isolamento acústico. Em pouco tempo, o fogo se espalhou pela pista de dança e logo tomou todo o interior da boate. De acordo com os bombeiros, a fumaça altamente tóxica e de cheiro forte provocou pânico. Aí começou a tragédia.

Ainda sem saberem do que se tratava, seguranças tentaram impedir a saída antes do pagamento.

Houve empurra-empurra enquanto os clientes tentavam deixar a casa. Muitos que não conseguiram desmaiaram intoxicados pela fumaça. Outros procuraram os banheiros para escapar ou buscar uma entrada de ar e acabaram morrendo.

Segundo peritos, o sistema de ar-condicionado ajudou a espalhar a fumaça. Além disso, um curto-circuito provocado pelo incêndio causou uma explosão. (Metrópoles)

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