Piracuru de propriedade do deputado Orlando Cidade era vendido em Manacapuru com “nota fria”, diz a polícia

– Fale a verdade, fale a verdade, reporta-se ao deputado Orlando Cidade, interpetativamente, na feira da Liberdade, em Manacapuru, um policial do Batalhão Ambiental.

– Eu sou uma autoridade igual a você, responde em tom autoritário, Orlando Cidade.

– Nota fiscal errada, replica o policial com os documentos “frios” às mãos, apreendidos na feira.

– Eu estou falando a verdade e vou provar que estou falando a verdade. Ele está justificando que a nota está errada, governador, prossegue o deputado visivelmente irritado.

O diálogo ocorreu na tarde deste domingo, 10, na feira da Liberdade, em Manacapuru, onde uma equipe do Batalhão Ambiental compareceu para constatar denúncias de que naquele local algum feirante comercializava carne de origem silvestre.

Para surpresa dos policiais, ao contrário da denúncia, na feira da Liberdade foi encontrado considerável estoque de carne de pirarucu – todo ele pertencente ao deputado Orlando Cidade, sem a documentação exigida pela legislação de proteção ambiental.

De acordo com um policial, o documento apresentado pelo feirante -o nome não foi revelado – era “frio”, datado no ano de 2014.

Diante da comprovação da irregularidade, à Polícia Ambiental não restou outra alternativa senão apreender todo produto comercializado à revelia da lei.

Antes de sofrer um mal-estar e ser levado para o hospital, entretanto, o feitante acionou, por telefone, o proprietário da carne. Na feira, Orlando Cidade protestou, fez uso do celular e ligou para o governador José Melo numa clara tentativa de contemporizar a situação e justificar o injustificável.

“Governador, o peixe veio lá da minha fazenda (estrada de Novo Airão). Eles (os policiais) estão exigindo o selo. Selo não existe para piscicultura, governador. Desculpe pelo incômodo. Segunda-feira a gente fala sobre o assunto”, dizia ao telefone, atabalhoadamente.

Antes que o produto fosse levado para a delegacia de polícia, Orlando Cidade em nenhum momento se mostrou sereno e seguro para defender os seus interesses na condição de produtor de pirarucu.

Em dado momento, ele dizia que a polícia teria apreendido notas fiscais “aparentemente vencidas” e que as mesmas já teriam sido “atualizadas” e que o produto seria devolvido ao feirante.

Dizia, também, que iria abater 1.500 pirarucus na semana aniversário de Manacapuru e que já havia, inclusive, convidado o jornalista Filipe Daou, proprietário da Rede Amazônica de Televisão, para uma grande despesca.

Depois dizia que ainda não tinha visto “essas notas”, embora tenha providenciado com velocidade meteórica outras para que substituíssem as notas frias.

À imprensa local, o deputado criador de pirarucu tropeçou em todas as suas declarações, um verdadeiro emaranhado de contradições.

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